quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Grinch

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Existe um personagem de ficção chamado Grinch (muito ‘conhecido’ nos EUA) que ficou ‘famoso’ por querer roubar o Natal. Daí não foi difícil a generalização passando o dito personagem a designar o espírito anti-festividades. Como é natural este personagem não se tornou propriamente num exemplo de popularidade!
 
Há quem diga que o Povo Português vive no e para o sonho. Ora isso é verdade e não é verdade ao mesmo tempo, pese embora isso possa parecer contraditório ou estranho.
 
O Povo Português gosta de concretizar os sonhos, as fantasias, as lendas, os mitos, as histórias! É algo nosso, digamos assim!
 
Por exemplo: se os ingleses têm “Romeu e Julieta” nós temos “Pedro e Inês”. Não colocando em causa a qualidade literária da obra de Shakespeare a verdade é que lhe falta o realismo que existe de sobra na história de Pedro e Inês. Por que é que a primeira é muito mais famosa do que a segunda? Bem, isso tem muito que se lhe diga! Talvez num próximo artigo!
 
Se os norte-americanos encontraram um personagem fictício a quem atribuir o espírito anti-festividades nós temos … bem, o leitor sabe o que nós temos! Analisemos então o que se passa por terras Lusas.
 
Com a desculpa de aumentar a produtividade (?!) alguém se lembrou de dizer que Portugal tinha festividades (feriados) a mais e que alguns deviam ser abolidos! Considerar que Portugal, País com quase 900 anos de história, tem feriados a mais já tem o seu ‘quê’ de ridículo; achar que abolir feriados vai ter um impacto significativo no aumento da produtividade já roça o patético e alegar que esta “medida” está a ser tomada ‘a bem da Nação’ isso então é, com o perdão da expressão, o fim da macacada!
 
Como pode ser o ‘apagar da história/identidade Nacional da memória colectiva’ um serviço ao País? Confuso!!!
 
Já era suficientemente vergonhoso o 5 de Outubro ser oficialmente o “Dia da Implantação da República” ao invés de ser o “Dia da Fundação” (Tratado de Zamora – 5 de Outubro de 1143) mas pelo menos era feriado e cada um podia celebrar aquilo que o seu Patriotismo dizia ser o mais correcto. Agora já nem isso.
 
Oficialmente não se celebrava, portanto, a Fundação da Nacionalidade mas, pelo menos, celebrava-se a “Restauração da Independência”. Bem, mas agora também já nem isso!
 
Quer tudo isto dizer que Portugal, neste momento, acha que a Sua Fundação e a Restauração da Sua Independência (as duas festividades que marcam os momentos que garantiram que Portugal fosse uma Nação livre e independente) não são importantes o suficiente para ser feriado. Isto não parece ser exactamente o mais patriótico dos sentimentos. Não será esta situação única na Europa ou até mesmo no Mundo? Possivelmente sim, para ‘nossa’ grande vergonha!
 
No entanto qual o motivo de se escolherem estas duas festividades e não outras?
 
Por que não acabar com o Dia de Ano Novo (antigamente chamado Dia de Ano Bom)? Teremos nós alguma coisa para festejar ao entrar num novo ano? Ultimamente só parecem vir desgraças atrás de desgraças e isso não é propriamente um motivo sensato para festejar!
 
E por que não terminar com o 25 de Abril, o chamado Dia da Liberdade? No final de contas liberdade de quê? Liberdade para ser desempregado? Liberdade para ter de pagar cada vez mais e mais impostos? Liberdade para ser praticamente obrigado a sair do País em busca de sustento? Talvez não! Talvez seja unicamente liberdade para falir a Nação já que desde o 25 de Abril (1974) já vamos na terceira falência!
 
Já agora podia-se acabar também com o 1º de Maio – o Dia do Trabalhador. Com a elevadíssima taxa de desemprego e com a constante perda de direitos por parte dos trabalhadores fará sentido festejar alguma coisa neste dia? Sejamos realistas!
 
E que tal eliminar o Dia de Portugal – 10 de Junho? Assim por assim a República está mesmo a destruir a Nacionalidade pelo que se podia começar por acabar com este feriado! E o dia 10 de Junho é o Dia de Portugal porquê? Por estar associado à morte de Camões? É certo que Luís Vaz de Camões é, incontestavelmente, um dos vultos maiores da Literatura em Língua Portuguesa mas será mais importante que a Fundação da Nacionalidade ou a Restauração da Independência?
 
Mas numa fidelidade quase canina ao espírito de Grinch não se fiquem unicamente pelos feriados civis! Como se o Cristianismo não tivesse tido suprema importância na nossa definição enquanto nacionalidade destituam-se também os feriados religiosos! Apaguem da memória colectiva o nosso passado, a nossa identidade, as nossas origens. Vá, dêem o golpe de misericórdia na Portugalidade. Não é isso que os Grinhes deste País (e não só) tanto desejam?
 
Já acabaram com o 1º de Novembro (o que não faz sentido já que o Povo Português já está mesmo mais morto que vivo) e com o 15 de Agosto. Podem então prosseguir e acabar com o 8 de Dezembro também (até surpreende que a república não tenha conseguido acabar com ele dada a história desta festividade). Continuem e acabem também com o Natal seguido da Sexta-Feira Santa e culminando com a proibição da Páscoa (que, para o efeito, já nem importa que calhe sempre a um Domingo)!
 
Vá! Ignorem as origens nacionais e “democraticamente” proíbam o culto Cristão e persigam os seus seguidores. Saqueiem os Templos e destruam qualquer alusão pública ao Cristianismo. Tudo isto na maior democracia baseada, naturalmente, na mais profunda ética republicana. Tudo a bem de Portugal, claro. Só resta saber quem será Portugal para esses Grinches que por aí andam!
 
Mas depois de fazer tudo isto chegar-se-á à conclusão que ainda não foi suficiente para aumentar a produtividade e tirar Portugal da falência.
 
Mas e que tal retirar os fins-de-semana também? E as férias já agora! Afinal, segundo parece, os Grinches acham que os portugueses não são seres humanos e, portanto, não só não têm direito a uma identidade própria como não devem ter direito ao descanso (dos outros direito já nem se fala porque quase já nem existem).
 
Já viram Grinches, perdão, Ilustríssimos Senhores Grinches? Desta forma veriam a população a trabalhar 365 dias ao ano (366 nos anos bissextos para vosso delírio).
 
Contudo, ainda assim, Portugal não sairia do ‘buraco’ em que o meteram! E sabem porquê? Porque vós sois demasiados e comeis demasiado! Pior ainda é que, quais vampiros, nunca estais saciados!
 
Mas, Senhores Grinches, ainda que façam as maiores barbaridades os vossos intentos não triunfarão. E não triunfarão porque existe um Poder Superior que o impedirá! Não triunfarão porque haverá sempre quem resista; quem diga não à arrogância e prepotência! Não triunfarão porque haverá sempre alguém que, ainda que no limite das suas forças, se recuse subjugar ao poder da tirania! Nada se consegue sobrepor à vontade de um povo inteiro! Finalmente não triunfarão porque o mal, mais cedo ou mais tarde, será esmagado pelo bem.
 
O Grinch é um personagem fictício mas que em Portugal parece ganhar vida! É um personagem odiado por todos que o ‘conhecem’ mas que felizmente está, desde o inicio, condenado à derrota! Abaixo os Grinches!
 

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