domingo, 28 de fevereiro de 2021

São João Paulo II: "a Verdade fará de vocês homens livres"

 Le Christ lui-même lie d’une façon particulière la libération à la connaissance de la Vérité : « Vous connaîtrez la Vérité et la Vérité fera de vous des hommes libres. » (Jn 8, 32) Cette phrase atteste surtout le sens intime de la liberté que nous donne le Christ.

Libération signifie transformation intérieure de l’homme découlant de la connaissance de la Vérité. Cette transformation est donc un processus spirituel par lequel l’homme mûrit « dans la justice et la vraie sainteté » (Ep 4, 24).

L’homme qui est ainsi parvenu à la maturité intérieure devient représentant et porte-parole de cette justice et de cette vraie sainteté dans les différents milieux de la vie sociale.

La Vérité est importante non seulement pour faire grandir la conscience de l’homme en approfondissant ainsi sa vie intérieure, mais la Vérité a aussi un sens et une force prophétiques.

Elle constitue le contenu du témoignage et elle requiert un témoignage. Nous trouvons cette force prophétique de la Vérité dans l’enseignement du Christ. En tant que prophète, et témoin de la Vérité, le Christ s’oppose constamment à la non-Vérité. Il le fait avec beaucoup de force et de décision et, souvent, il n’hésite pas à blâmer la fausseté. En relisant attentivement l’Évangile, nous trouvons beaucoup d’expressions sévères comme « sépulcres blanchis » (Mt 23, 27), « guides aveugles » (Mt23, 16), « hypocrites » (Mt 23, versets, 13, 15, 23, 25, 27, 29) que le Christ prononce en ayant conscience des conséquences qui L’attendent.

Ce service de la Vérité en tant que participation au service prophétique du Christ est donc une tâche qui incombe à l’Église, et elle s’efforce de s’en acquitter dans les différents contextes historiques.

Il faut appeler par leur nom l’injustice, l’exploitation de l’homme par l’homme ou par l’État, les institutions, les mécanismes des systèmes économiques et des régimes parfois dépourvus de sensibilité. Il faut appeler par leur nom toutes les injustices sociales, les discriminations, les violences infligées à l’homme sur son corps, son esprit, sa conscience et ses convictions.

Le Christ nous enseigne une sensibilité particulière pour l’homme, pour la dignité de la personne humaine, la vie humaine, l’esprit et le corps humains. C’est cette sensibilité qui rend témoignage à la connaissance de « la Vérité qui rend libre » (Jn 3, 32).

Il n’est pas permis à l’homme de se cacher cette Vérité à lui-même. Il n’est pas permis de la falsifier. Il n’est pas permis de la mettre aux enchères. Il faut en parler clairement et simplement. Et non pour blâmer les hommes, mais pour servir la cause de l’homme.

La libération, également dans son sens social, commence par la connaissance de la Vérité.


Audience générale du 21 février 1979 ©Librairie éditrice vaticane



Fonte: Salon Beige

sábado, 27 de fevereiro de 2021

25 de Fevereiro de 1869 - Abolição da Escravatura nos Domínios Portugueses

 


‘Fica abolido o estado de escravidão em todos os territórios da Monarquia Portuguesa desde o dia da publicação do presente Decreto. Todos os indivíduos dos dois sexos, sem excepção alguma, que no mencionado dia se acharem na condição de escravos passarão à de libertos e gozarão de todos os direitos e ficarão sujeitos a todos os deveres concedidos e impostos aos libertos pelo Decreto de 19 de Dezembro de 1854.
D. Luís Rei'


Publicado no Diário do Governo, em 27 de Fevereiro de 1869


Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

SEM TÍTULO

“Será que para a injecção da Eutanásia também vai haver chico - espertos a passar à frente?”

(Pergunta que corre na Net).


Há muito tempo que digo a quem me quer ouvir que somos diariamente agredidos com uma qualquer barbaridade. E que ouvir os noticiários é um exercício de sadomasoquismo que dispensa quaisquer penitências prescritas pelas diferentes religiões – são verdadeiros filmes de terror!

Pois é, só que agora essa agressão passou de diária a horária (de hora a hora, e “Deus não melhora”)!

Sobre a “pandemia” do “Covid 19” tem sido um fartote e não se fala de outra coisa. Parece que não há vida para além do vírus…

A cacafonia tem sido tal e tanta que ninguém sabe a quantas anda, nem em quem acreditar. Daí também, que a generalidade da população – que se tinha comportado de maneira pacífica e colaborante aquando do primeiro confinamento – começou a deixar de o ser. As coisas arriscam-se a, inevitavelmente, piorar. Já ninguém acredita em ninguém, não só por causa da referida cacofonia e de todo o bicho - careta opinar sobre tudo e todos, como por aquilo que melhor define a actuação dos órgãos do Estado, que mais responsabilidades têm tido sobre o assunto ser a volatilidade, o desacerto e as contradições constantes sobre as medidas que se foram tomando. Não vamos lembrá-las pois estão na memória de todos e as afirmações já colecionadas irão fazer parte do anedotário nacional por muito tempo…

Sem embargo de sermos um povo perfeitamente displicente em termos de elaborar planos de contingência seja para o que fôr (é o “logo se vê”) – ao ponto do Governo e a Assembleia da República nunca terem regulamentado as leis do “Estado de Sítio” e “Estado de Emergência”), ao fim de mais de 40 anos – dificilmente poderia haver um plano que pudesse dar conta de um fenómeno destes. Mas, que diabo, já passou tempo suficiente para se organizar um” centro de crise” que passasse a comandar as operações a realizar, com uma hierarquia (palavra banida do dicionário político e até social) bem definida e uma disciplina estrita, que se estendesse à comunicação oficial sobre o que se passa e se pretende fazer; que tenha comando e controlo centralizado e execução descentralizada; níveis diferenciados de decisão e órgãos de conselho técnico adequado, perfeitamente saneados da “tralha dos Partidos”.

Por mais que este tipo de linguagem e estrutura possa parecer estranho a organizações civis, muito menos a políticos de opereta partidária.

A coisa ameaça desconjuntar-se e disso é bem revelador a demissão do Dr. Francisco Ramos de coordenador nacional do plano de vacinação (este cidadão já foi cinco vezes Secretário de Estado da Saúde e a razão pela qual se demitiu – certamente para não ser demitido – não se estendeu ao cargo que ocupa de Presidente de Administração e Presidente da Comissão Executiva do Hospital da Cruz Vermelha, onde aufere um chorudo vencimento). Boa sorte ao Almirante Gouveia e Melo que sempre foi um bom militar e marinheiro e para lá devia ter sido nomeado em primeiro lugar. Vai ter muitos escolhos pelo caminho…

Eis senão quando, no meio do descalabro moral, ético e organizacional, que resultaram nas numerosas aldrabices ocorridas a nível da vacinação – uma mancha de óleo que nos envergonha a todos – desembarcou em Lisboa uma equipa de militares alemães a fim de ajudar no combate à pandemia (mais propriamente 26 elementos com diferentes especializações no campo da saúde).

Quero desde já dizer que nada tenho contra a ajuda mútua entre Povos ou Estados amigos ou até, apenas em termos de conveniência mútua e pontual.

Mas este caso levanta algumas questões que não parecem despiciendas.

Aparentemente o Governo Português lançou um pedido para o ar, em termos que não são claros, para quem nos quisesse ajudar. A Alemanha disponibilizou-se pouco tempo depois, havendo indícios de que a Áustria e até a Espanha (que está mirrada de recursos e com problemas de todo o género ainda mais graves do que nós), também mostraram disponibilidade em nos ajudar.

E após um reconhecimento prévio (como é apanágio dos militares) lá apareceu um avião da “Luftwaffe”e largou a equipa que ficou a trabalhar no hospital da Luz, em Lisboa. Uma ajuda que não deixa de ser simbólica, pois pela dimensão e tempo de estadia, não pode ser considerada de outro modo.

A primeira questão que se levanta é a de saber se de facto havia necessidade de pedir ajuda pois a capacidade nacional não parece estar esgotada. De facto existe muita disponibilidade a nível privado; há muito pessoal de saúde que continua a sua vida normal (alguns até estão de baixa) e tirando a nível militar não se pediu voluntários para trabalhar neste âmbito a pessoal já reformado.

A capacidade a nível dos serviços de saúde militar não está esgotada e consta que a própria hierarquia militar deu um parecer negativo à vinda da equipa alemã.

Existe um hospital novo, com dezenas de camas, pronto e completamente equipado, em Miranda do Corvo, mas fechado…

Apareceu há poucos dias um cidadão, creio que Secretário Regional da Saúde na Madeira (não fixei bem) que afirmou na TV que existiam 50 camas de cuidados intensivos na Região Autónoma e só oito estavam ocupadas, tendo assim” disponibilidade de receber mais três”; será que não somos o mesmo país?

E, já agora, ressalvando alguma questão técnica que dite o contrário, não seria mais económico esgotar a capacidade do C-130 que levou três pacientes em estado grave para o Funchal?

Não quero parecer miserabilista mas nós temos poucos recursos (sobretudo a nível militar), além de que o custo de uma operação como a efectuada é elevado. Além de que, convém lembrar, sobretudo a quem gosta de se armar em avestruz e mete a cabeça na areia, que o Estado Português está falido, o mesmo se passando com a maioria dos bancos, empresas e contribuintes. E os que não estão para lá caminham.

Só há reservas de quase nada.

Aliás convinha saber de onde vai sair o dinheiro para pagar aos alemães (e agora também aos austríacos), pois seguramente que esta ajuda não será graciosa, nem faz sentido que seja. E, qual será a “bandeirada”, portuguesa, alemã, “europeia”, ou outra?

Podem vir dizer que a vida humana não tem preço, o que em teoria é muito bonito e politicamente correcto, mas a realidade encarrega-se de desfazer o dito em fogo – fátuo (quem pode, por ex. continuar a pagar às empresas farmacêuticas, milhares de euros por um comprimido para o cancro?). E nem sequer é necessário deitar mão da “cultura da morte”, que nos têm impingido; basta dizer que a Constituição da República, apesar de pejada de “Direitos” e muito emagrecida de “Deveres” (tirando o de pagar impostos), não promete (ainda) a vida eterna…

Outra coisa que apanhou as autoridades em Lisboa, de surpresa foi o facto da equipa de alemães ser constituída por militares e não de civis – logo “eles” que adoram fardas! Ignoravam também que esta ajuda cabe no âmbito da Protecção civil alemã, que é tutelada pelos militares. Porque será que não se falou disto na Comunicação Social?

Mesmo assim, chegou o avião e logo dois ministros, dois, emprestaram a sua presença na chegada do mesmo. Que diabo, os ministros não têm mais nada que fazer? O episódio justificava tal deslocação, ou foi apenas mais um gesto para a fotografia?

Os governantes (com o PR á frente) para além da incontinência verbal que os caracteriza, ainda não perceberam que as suas intervenções devem ser adequadas ao nível a que supostamente, estão? Que a não ser assim tal configura atitudes demagógicas ou popularuchas? Nivelar por baixo? Que não se dão ao respeito? Que demonstram não saber delegar (os tais níveis diferenciados de decisão…)? Não conseguem entender que está tudo errado e só cometem asneiras?

Finalmente pode até ter sido uma boa ideia ter mandado os alemães para o hospital da Luz (que já estava a colaborar com o hospital da Amadora – onde tinha havido o problema com o oxigénio e tinha sido objecto do reconhecimento prévio da equipa alemã), mas não deixa de ser irónico, que após tantos elogios feitos ao trabalho do SNS, em simultâneo com o anúncio da sua ruptura iminente (para já não falar na estúpida guerra ideológica feita á saúde privada), que vá ser justamente uma unidade hospitalar de privados – e parece que a única (juntamente com a CUF) que se disponibilizou - a receber a equipa alemã.

Começámos bem a nossa presidência da UE com o lamentável e vergonhoso caso do Procurador Guerra e continuamos agora com esta “internacionalização” dos doentes de Covide.

Só não compreendemos como a Ministra da Saúde ainda não se lembrou de ir a Havana ou a Caracas cantar a “Internacional” de que é tão fã e solicitar os préstimos locais. Afinal os kamaradas e revolucionários não são para as ocasiões?

Em síntese o que resta de Portugal, enquadrado e governado, faz décadas, por um Regime de corruptocracia, demo - republicana, jacobino e infectado gravemente por demências de Poder anarco - socialista sofre, sobretudo, de um grave problema Moral e Ético, que origina um problema Político, do qual decorre um problema Financeiro, que desagua num problema Económico e, finalmente, Social.

A ordem dos termos não é arbitrária.

 

João José Brandão Ferreira

Oficial Piloto Aviador (Ref.)


Fonte: O Adamastor

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Os três estádios de vida do Homem

 


Para Aristóteles, as três vidas típicas do Homem são: a vida pueril, a vida política e a vida especulativa. A primeira é a que tem por fim o prazer; a segunda a honra e a glória; e a terceira a contemplação. É como se disséssemos: a vida do divertido; a vida do homem de acção; e a vida do sábio.
Com o Cristianismo, temos que a vida estética é dominada pelo prazer; a vida ética está sob o signo da luta e da vitória; e a vida religiosa é regida pelo sofrimento.


O Estádio Estético
A vida estética é a dos que vivem na superfície das coisas; é a vida dominada pelo prazer, ainda que seja o prazer estético. É a vida no plano das sensações, das imagens, do sentimentalismo, da vida tangueira. Não é que não tenham razão e raciocínio, mas a razão está num nível rebaixado.
É de realçar que se pode ser muito religioso, muito devoto, e também muito moral, muito correcto, e viver no plano estético. O plano estético não designa somente o libertino vulgar, o simples estouvado ou o farrista trivial: é uma categoria filosófica que tem valor universal.
O viver no plano estético leva a estabelecer-se nas aparências, na exterioridade; a imprudência, a estupidez, a irresponsabilidade, a amoralidade, a imundice, a estultícia, o sentimentalismo, a grosseria... Para curá-las, há que subir ao plano moral, através de um salto.


O Estádio Ético
A vida ética é a que está dirigida à luta e à vitória, à glória, como diz Aristóteles.
O homem ético é aquele que está possuído pelo sentimento de justiça e de ordem: o homem aderido à moral.
Para Aristóteles, o grande estadista é o tipo desta vida; que por isso a chama de "vida política"; é uma grande vida, mas não é a superior.
O grande estadista é o homem da paixão ética, da luta, da vitória no campo da moral, quer dizer, no campo da alma dos homens, das multidões e das nações.
É um homem de costumes estritos ou correctos, de ideias conservadoras, de sentimentos moderados; não propenso ao êxtase, mas propenso à solenidade. É o homem irrepreensível, pelo menos ninguém conseguiu manchá-lo; nem ele permitirá que ninguém o manche; tem o sentimento e o cuidado da sua honra; justamente por isso Aristóteles põe a glória como o fim desta classe de vida. Para o homem ético, as palavras vício e virtude têm um valor terrível; a honra não é uma palavra vã.
A honra: chegará um momento difícil na sua vida (que ele fará todo o possível para que não chegue, mas que pode chegar) em que ele abandonará o seu posto para não manchar a sua honra.
Este tipo é o que constitui – ou deveria constituir – a média da vida humana, o tecido geral da sociedade, ou em último caso, o que chamam de classes dirigentes.
Em suma, os que devem dirigir necessitam da moral.


O Estádio Religioso
É, para Aristóteles, a vida contemplativa e está sob o signo da contemplação; Kierkegaard disse, severamente, que está sob o signo do sofrimento.
Se Kierkegaard disse que o religioso está sob o signo do sofrimento, não disse como o pérfido apóstata, Renan, que "a verdade é triste", nem a tristeza de Kierkegaard é a desesperação de Lutero.
Se a religião está sob o signo do sofrimento, quer dizer que o homem que está no plano religioso, é o homem que viu, de uma vez para sempre, a vida cara a cara – e também a morte –; e tendo aceitado a vida, e tendo aceitado a morte, colocou-se de imediato no centro da realidade e em relação directa com o divino.
Ao homem religioso, este mundo aparece-lhe como um espectáculo – tal como ao homem estético.
A vida aparece-lhe como uma luta – tal como ao homem ético.
Mas aparece-lhe como uma luta sem vitória – quer dizer, como um sofrimento, e isso o diferencia dos outros dois homens.
Além disso, ele sente-se débil, enquanto os outros se sentem sólidos e seguros; eles sentem-se num mundo sólido, em terra firme; ele está em equilibro instável. Às duas por três, cai num abismo, do qual sai bracejando arduamente; mas quando chega à superfície, dá-se conta que as ondas em que vive são a realidade da vida; e que a terra firme dos outros dois é pura aparência.
Por isso, pode contemplar esses dois mundos dos outros – o mundo do sensível e o mundo da moral – com um pouco de "humor".
E isto, e nada mais, é a "tristeza cristã". Ele, que está em relação directa com Deus, está em relação directa com uma coisa maior do que o homem: uma coisa tremenda.


Pe. Juan Carlos Ceriani in «Sermão de Domingo de Sexagésima», 7 de Fevereiro de 2021


Fonte: Veritatis

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Dom Duarte e os Portugueses da Ásia


Há precisamente quatro anos, a convite da Nova Portugalidade, SAR proferiu na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa uma importante conferência sobre A Dimensão Espiritual da Portugalidade. Conhecedor profundo dessa imensa Ásia polvilhada por marcas materiais da passagem dos portugueses, interessam-lhe, sobretudo, essas comunidades orgulhosas da sua identidade que da Índia à China, da Malásia e Tailândia a Timor, se reclamam herdeiras e continuadoras de uma cultura que desde o século XVI se edificou com os materiais portugueses e o substrato local de cada região.


A Ásia é rica em Portugalidades que, por esta ou aquela vicissitude da História, já não se expressam em português. No Bangladeche, vivem 400.000 luso-católicos. No Myanmar/Birmânia, estes luso-católicos são 450.000 e descendem de gloriosa tradição de portugueses, missionários ou de locais feitos portugueses pela persuasão do evangelizador, assim como de comerciantes e soldados ao serviço da nobre nação birmanesa. Não se expressam em português, mas a sua portugalidade profunda, frequentemente convicta e orgulhosa, é-nos revelada pelos seus nomes ainda indiscutivelmente portugueses. 


Os exemplos desta verdade grandiosa estão por toda a Ásia. Malaca, por nós perdida em 1641, preserva ainda um bairro português - o Kampung Portugis - e um crioulo português, o Papiá Kristang. Na Índia, no Ceilão, no Bangladeche, na Birmânia, na China, na Tailândia ou em Timor, é-se português com uma intensidade que não pode deixar de chocar os portugueses europeus. Em 2017, espectáculo comovente: por ocasião da visita do Duque de Bragança, ruas cheias nos bairros católicos de Banguecoque, capital tailandesa, para receber o herdeiro dos reis de Portugal. Mar de faces distintamente mestiças - verdadeiras sínteses humanas entre a Europa e a Ásia - carregava bandeiras portuguesas e thai, assim como cartazes com os nomes de família. Ali poucos se expressariam no nosso idioma, mas todos eram "de Horta", "Rodrigues", "Saldanha" e "da Cruz". Todos eram portugueses e aquele homem europeu vindo do outro canto do mundo era o descendente dos Reis que haviam assumido o oneroso privilégio de garantir o Padroado Português. 


Quase abandonadas por Portugal à sua sorte, as comunidades luso-asiáticas contam consigo e mais ninguém para a defesa da sua cultura. Criaram, com delegados de todas as partes do continente, um Congress of Asian Portuguese Communities, organização presidida por Xanana Gusmão. Se em Portugal abundam aqueles que duvidam da portugalidade destas comunidades, as próprias respondem com vibrantes manifestações de portuguesismo: embora sofrendo o desinteresse de Lisboa e a inconsciência da maioria dos cidadãos do moderno Estado português, luso-malaios, macaenses, timorenses, bangla-portugueses, luso-tailandeses, luso-cambojanos, luso-indonésios, luso-cingaleses e indo-portugueses são, sentem-se e afirmam-se portugueses. Tanto o são, tanto o sentem e tanto o afirmam que a si mesmos se chamam Portuguese.


SAR será, talvez, o português que mais os visita, incentiva, procura ajudar, dialoga com as autoridades locais e sugere, aconselha e ouve. Verdadeiro embaixador de uma ideia grande de Portugal, não só é objecto de grande adesão emocional dos portugueses da Ásia, como recebe dos governos dos estados expressivas demonstrações de estima e respeito como as tributadas a chefes de Estado. Portugal, infelizmente tão alheado do mundo, reduzido física e mentalmente às fronteiras do século XV, não sabe o quão deve à teimosa insistência do Duque de Bragança em manter aberta a rota do Oriente, num tempo de viragem histórica em que o centro do mundo se desloca inapelavelmente do Atlântico para o Índico e para o Pacífico. Quando um dia se fizer a história da presença e luta pela sobrevivência do nome de Portugal nestas décadas iniciais do século XXI, um nome será lembrado com respeito e saudade: o de SAR, o Senhor Dom Duarte, Príncipe da Portugalidade.


Miguel Castelo Branco


Fonte: Real Associação de Lisboa

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Desvalorizar o que incomoda

 


O que pensar de um Presidente da República que na quinta-feira, dia 28 de Janeiro de 2021, fala ao país com um ar grave para fazer mais um alerta aos Portugueses sobre a complicada situação pandémica, e no domingo seguinte, dia 31, é entrevistado num programa de humor (“Isto é gozar com quem trabalha”, de Ricardo Araújo Pereira, SIC) para contar fait-divers? Entre o preocupado e o entertainer, lá tivemos Marcelo Rebelo de Sousa no registo habitual. Provavelmente, deve pensar que é preciso continuar a dar circo ao povo para não viver obcecado com os efeitos devastadores da crise sanitária. Pelo menos, é a conclusão que se retira quando o Chefe de Estado aceita participar num programa humorístico sem grande propósito no momento. Não se conhece exemplo de homólogo que tenha feito o mesmo no seu país.

Quando os Portugueses estão verdadeiramente preocupados com o seu destino, seja na saúde ou como sobreviver à rápida degradação económica e social, tivemos Marcelo a falar de temas requentados. Mais uma vez, as relações com António Costa, para dizer que, “como cada um vive em sua casa”, não se zangam e, por isso, fiquem descansados que não tem qualquer plano para fazer cair o Governo. Também não faltou o estafado assunto Cabrita, devido à morte do cidadão ucraniano. No fim da conversa com o humorista, fez questão de garantir aos potenciais invejosos que o seu cargo, tal como o ocupado por Costa, não é assim tão bom. É caso, pois, para perguntar: o que é que isso interessava a um país assustado, naquela altura, com a impressionante subida do número de mortos e infectados por Covid-19?

Desde que começaram a partilhar o poder, a dupla Marcelo-Costa adoptou uma atitude de laxismo que levou a esta sensação de impunidade que percorre o País. Qualquer situação que lhes seja incómoda ou desagradável pelas suas repercussões nefastas é de imediato desvalorizada em uníssono.

O nosso jornalismo alinhado com o poder socialista colabora facilmente na efectivação desse discurso relativizador do que parece inconveniente, para que desapareça num ápice do debate público. Podemos, assim, ler frequentemente nos títulos dos jornais ou nos rodapés dos noticiários das televisões “Marcelo desvaloriza…”, ou “Costa menoriza…”, ou “Governo relativiza…”, ou “ministro desdramatiza…”


Enganar os cidadãos


Pode haver muita gente que já ache este tipo de reacção tão vulgar que não lhe dê importância ou, então, nem seja capaz de avaliar o quanto vai contribuindo para o apodrecimento da vida do país. Mas à médica Patrícia Pacheco, directora de Infecciologia do Hospital Amadora-Sintra, não passam despercebidas as tentativas do poder político em relativizar o que não lhe interessa. Numa entrevista ao Observador, de 30-1-2021, ao acusar o Governo de “mentir” aos cidadãos e fazer uma gestão “errática” da pandemia, disse mais: “A falta de transparência e de honestidade perturba-me, acho que é o pior que um líder pode ter e é o pior que esta liderança do Ministério da Saúde tem – não ser transparente, desvalorizar sistematicamente os problemas que existem, em vez de os encarar, em vez de dizer de uma forma muito clara que nós temos limites e não os devíamos ter ultrapassado.”

Esta médica, que está na linha da frente e, por isso, lida com uma realidade brutal – na entrevista confessou a sua “frustração e indignação” –, é vítima, como muitos Portugueses noutras áreas de actividade, da constante desvalorização que o poder instalado faz das dificuldades que eles encontram por toda a parte. Daí a percepção de que se vive num país bloqueado, em que apenas conta a palavra do poder. Quem tem diariamente de enfrentar as dificuldades sabe que é assim. O discurso oficial, a um ritmo quase intoxicante, é sempre enganador, pois faz crer o que depois não acontece. Quando surgem inesperadamente crises, como esta da pandemia, a acumulação de situações que não foram melhoradas ou resolvidas no tempo certo causa danos desastrosos. É o que temos visto.


A mentira em vez da verdade


Recentemente, os média noticiaram que, no conjunto do ano 2020, o PIB registou uma queda de 7,6% em volume, contrastando com o crescimento de 2,2% em 2019. É a maior recessão registada em Democracia. Segundo o DN, de 2-1-2021, “desapareceu o equivalente aos subsídios europeus a fundo perdido que o Governo conta receber”. O que disse o ministro da Economia? Muito simples: o resultado não é tão mau como se esperava. Isso valeu-lhe imediatamente um elogio da imprensa alinhada, como se fosse um grande feito. Como a previsão do Governo para o ano passado era de uma queda de 8,5%, no jogo das expectativas encontrou-se uma forma de desvalorizar o que deve muito preocupar os Portugueses. A queda do PIB é muito maior do que no pior ano da Troika, mas o que importa agora é normalizar o que corre mal.

Negar evidências para ganhar vantagens políticas, quando a realidade vivida pelos cidadãos no dia-a-dia é completamente diferente do discurso oficial, só pode levar a que se olhe para os políticos como uns trapaceiros que não se importam de mentir para conservar o poder. A psicóloga Maria Jesús Alaya Reyes disse um dia que “os políticos estão treinados para mentir sem que se note demasiado” (DN, 1-4-2017). A verdade em política está a ser substituída pela mentira para ludibriar os cidadãos sobre o que se promete e não se concretiza, sobre o que corre mal e não se quer assumir responsabilidades, sobre o que importa manipular para produzir um efeito enganador. Obviamente, sem a colaboração da informação alinhada, seria muito mais complicado fazer passar a mentira. Quantas vezes Costa falhou no compromisso assumido no início do exercício das actuais funções quando declarou que “palavra dada é palavra honrada”? E o que dizer quando Marcelo, no início da pandemia, afirmou que “ninguém vai mentir a ninguém”? Como alguém dizia, habilidade em política é dizer uma coisa e fazer outra.


Francisco Menezes

Fonte: Inconveniente


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

É uma batalha pela alma de Portugal

 


Na coligação ad hoc que se foi formando ao longo dos últimos anos nesta guerra total contra os povos, destacam-se a esquerda radical, os anarquistas, os agitadores profissionalizados e os saqueadores saídos ou acicatados pelo campi universitários. Nesta dinâmica regional portuguesa de um movimento global, alguma esquerda portuguesa, se bem que timidamente, trata de afinar com o diapasão global da depuração, listando todos os vestígios portugueses de um passado que considera intolerável (nomes de ruas e jardins, monumentos, heráldica, estátuas), aplicando como critério a retroactividade que, a triunfar, resultaria no fim da cultura portuguesa. Daí resultaria a imposição ao povo português da aceitação de crimes que nunca cometeu, mas igualmente da colaboração de quantos aceitariam a culpa, tudo fazendo para a expiar, dedicando-se de corpo e alma à destruição do passado e à construção da nova humanidade. Os nossos monumentos , os nossos vultos e os nossos livros, as nossas estátuas e jardins são como um murmúrio do fundo dos tempos, lembrando-nos o que fomos e o que somos. Nós somos os devedores e os transmissores de uma entidade colectiva quase milenar que legaremos ao futuro. Esta luta de resistência não é, pois, a de brasões em buxo e "arranjos florais". É uma luta na qual também se decide se queremos ter futuro, identidade, memória, cultura e património, ou se nos deixamos apagar, diluir e desaparecer. Estou confiante de que o povo português triunfará e que este inimigo será a seu tempo repelido para as alfurjas de onde veio.

MCB

Fonte: Nova Portugalidade

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Homilia da Missa de Sufrágio Regicídio 2021

 



«Era um santo e piedoso pensamento. Por isso mandou oferecer um sacrifício de expiação pelos mortos, para que fossem libertos do seu pecado».
2 Mac 12, 46

Irmãos caríssimos,

Cumpre-se hoje mais um aniversário do atentado que, em 1908, matou Sua Majestade El-Rei Dom Carlos I e Sua Alteza Real, o Príncipe Dom Luís Filipe, no Terreiro do Paço, em Lisboa. Em situações normais, esta Missa estaria a ser celebrada no Mosteiro de São Vicente de Fora, Panteão Real da Dinastia Bragança.

Apesar de as circuntâncias não permiritem que este ano fosse assim, não quiseram Suas Altezas Reais, o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança, e a Senhora Dona Isabel, Duquesa de Bragança, por meio da Real Associação de Lisboa, que a Santa Missa deixasse de ser oferecida. Assim, fazêmo-lo, este ano, com a mesmíssima dignidade, nesta simples Paróquia da Sagrada Família de Miratejo, por mim, seu pároco. Agradeço desde já o amável convite.

Sufragamos as almas de El-Rei Dom Carlos e do Príncipe Real, vítimas do ódio de alguns e não do seu povo. Também lembramos a alma de Sua Majestade El-Rei Dom Manuel II, que, por razão do criminoso assassínio do seu augusto pai e do seu irmão, veio a ser o último Rei de Portugal, por hora.

Este ano cumprem-se os 70 anos da passagem de Sua Majestade a Rainha Dona Amélia, mártir pelo seu amor a Portugal, deste mundo para a eternidade. Por isso, também a desejamos lembrar nesta Santa Missa.

Gostaria de saudar a Família Real: Suas Altezas Reais, os Senhores Duques de Bragança, o Senhor Dom Duarte, meu senhor, único e legítimo Chefe da Casa Real Portuguesa; a Senhora Dona Isabel, Duquesa de Bragança; e os nossos queridos Príncipes, para quem olhamos cheios de esperança e prometemos fidelidade.

Tiveram Suas Altezas Reais, como todos os anos, o piedoso pensamento de mandar celebrar a Missa pelas almas do Rei e do Príncipe Real, caídos por terra naquele fatídico 1 de Fevereiro de 1908, há precisamente 113 anos, vítimas do ódio.

Como perceberam, recolhi a expressão «piedoso pensamento» da primeira leitura. Esta, retirada do Segundo livro dos Macabeus, descreve um cuidado de Judas Macabeu em favor de companheiros seus que tinham morrido em combate: uma colecta de duas mil dracmas de prata que enviou a Jerusalém, para que fosse oferecido um sacrifício de expiação pelos pecados dos que tinham morrido, o que foi tido na conta de «um santo e piedoso pensamento». O sacrifício que Judas Macabeu manda oferecer revela fé numa vida além do túmulo. Deixa-nos perceber como a oração pelos defuntos que têm faltas a expiar é uma coisa que lhes aproveita.

Não só, mas também a partir deste texto, a Igreja, nossa Mãe, ensina a existência do Purgatório, uma fase de expiação de pecados que não impedem a salvação eterna, mas que, de alguma maneira, a atrasam (numa limitada linguagem humana para tentar ilustrar uma realidade transcendente).

Por tudo isto, seria bom pedirmos ao Senhor a graça de acreditarmos mais e nos lembrarmos mais desta verdade de fé: a existência do Purgatório. Também seria oportuno implorar a graça de viver mais esta manifestação de amor que é rezarmos pelos nossos que já partiram deste mundo.

A estas petições poderíamos juntar uma profunda acção de graças por Deus nos conceder poder ajudar estas almas. Sim, Deus permitir que as nossas preces auxiliem os nossos defuntos é um dom preciosíssimo, porque o amor quer continuar a fazer bem mesmo quando já não pode ver e tocar o amado.

Como bem sabemos, a melhor oração que podemos oferecer pelos nossos que já partiram é a Missa. A Missa é o sacrifício agradável a Deus e verdadeiramente eficaz para a salvação das almas, porque é o sacrifício de Cristo na Cruz.

O sacrifício de Cristo na Cruz foi o que escutámos no evangelho. E isto que nos foi narrado no evangelho, daqui a instantes, estará presente sobre o altar. O Sacrifício Eucarístico actualiza e perpetua o Sacrifício da Cruz. A Missa e a Cruz são essencialmente a mesma realidade, com a diferença de que na Missa o sacrifício – a entrega de Jesus ao Pai – acontece sem derramamento de sangue (sacrifício incruento), enquanto que na Cruz o sacrifício aconteceu através da efusão do sangue preciosíssimo do Salvador (sacrifício cruento). Este é o sacrifício eficaz que trouxe a possibilidade da salvação às nossas almas. A Igreja, mãe solícita, oferece por todos os seus filhos este sacrifício necessário.

Não sabemos se as almas por quem oferecemos esta Missa estão no Purgatório. Todavia, porque há essa possibilidade, rezamos e imploramos a sua salvação. Com a confiança com que que Dante escreveu na Divina Comédia a respeito do Purgatório: «pois aqui, com a ajuda dos de lá de baixo, pode-se avançar muito» (Canto III, 145).

Neste dia em que sufragamos El-Rei Dom Carlos e o Príncipe Dom Luís Filipe, não estamos a viver uma manifestação de saudosismo. Estamos, sim, a pôr em prática um «santo e piedoso pensamento», estamos a fazer um gesto de cuidado e de amor para com as suas almas. Com vista à salvação das vítimas do regicídio de 1908, tornar-se-á presente sobre o altar o pior de todos os regicídios, a morte do Rei dos reis.

Por fim, ainda a respeito da narração do evangelho, convido-vos a olhar para Maria Santíssima, que viu o seu Filho pender o rosto no patíbulo da Cruz, depois de nos receber como seus filhos. No calvário, Maria sofreu ao ponto de merecer ser chamada Senhora das Dores e Rainha dos Mártires. E que fez Maria com o seu sofrimento? Uniu-o ao do seu Divino Filho.

A respeito disto, seja-me consentido falar sobre a Rainha Dona Amélia. Por um lado, para evocar a sua devoção a Nossa Senhora. Em 1945, quando realizou a sua célebre visita ao nosso país, a convite do Governo do Professor Oliveira Salazar, depois de mais de três décadas de exílio, não pôde deixar de peregrinar à Cova da Iria, onde assistiu a 8 de Junho ao Santo Sacrifício da Missa, na Capelinha das Aparições, oficiado por Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Dom José Alves Correia da Silva, então, Bispo de Leiria. No fim, como sinal da sua devoção a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, ofereceu ao Senhor Bispo um dos seus mantos reais, que ainda hoje podemos admirar na exposição permanente do Santuário de Fátima.

Por outro lado, desejo falar um pouco sobre a Rainha Dona Amélia no seguimento do que Maria fez com a sua dor junto à Cruz. É normal que, ao pensarmos no que a Rainha Dona Amélia fez pelo nosso país, nos lembremos das suas várias fundações caritativas: a Assistência Nacional aos Tuberculosos; os Sanatórios de Santana, do Outão, da Guarda e de Braga; o Hospital do Rego; as Cozinhas Económicas, o Instituto de Socorros a Náufragos; o Instituto do Ultramar; o Instituto Bacteriológico Câmara Pestana; o Museu dos Coches; entre outros. Foi de facto uma mulher ímpar no seu tempo.

No entanto, não foi apenas assim que a Rainha Dona Amélia contribuiu para o bem de Portugal. Entre suas afirmações contam-se: «Quero bem a todos os portugueses. Mesmo àqueles que me fizeram mal». A Rainha tornou a sua dor perdão, como fez Jesus na Cruz e como o sabem fazer todos os santos. As suas últimas palavras neste mundo foram: «Sofro tanto! Deus está comigo! Adeus! Levem-me para Portugal!» A Rainha Dona Amélia soube viver o mistério da dor. Soube que só se pode vivê-lo com Deus. «Deus não veio suprimir o sofrimento. Nem sequer veio explicá-lo. Veio enchê-lo com sua presença», escreveu Paul Claudel.

Penso que a Rainha Dona Amélia soube oferecer as suas penas e sofrimentos (que foram muitos) ao Senhor Jesus, pelo seu amado Portugal, pelo seu augusto marido e filhos.

Que o seu exemplo nos ajude a colocar mais os olhos no que Maria fez junto à Cruz: unir o que sofremos ao sofrimento de Jesus, para que Ele o torne redentor e assim adequira sentido.

O nosso país atravessa uma hora de trevas pela pandemia de COVID 19. Que Maria Santíssima interceda para saibamos ajudar o nosso país também pela oferta dos nossos sofrimentos  pelos doentes, por todos os que cuidam deles, pelos que partiram, pelos muitos que passam necessidade por se verem privados do seu sustento.

No entanto, Portugal também está em trevas profundas, porque por estes dias o Parlamento aprovou a criminosa lei da eutanásia, num profundo despeito pela vida humana por parte de alguns que nos governam. Que Maria nos ajude a ajudar o nosso país oferecendo a nossa dor para desagravar o seu Imaculado Coração e o do seu Divino Filho por esta aprovação e para pedir a conversão dos seus promotores.

Ela que também é a Senhora da Conceição, Rainha e Padroeira de Portugal, interceda pelas almas dos nossos Reis e de todos os membros da Família Real. Que todos eles que nesta terra fizeram da sua vida um contínuo serviço aos portugueses, até ao ponto de sofrer a morte como no caso de El-Rei Dom Carlos I e do Príncipe Real Dom Luís Filipe, recebam o Céu. E a nós que ainda peregrinamos na terra nos alcance a graça de confiarmos no poder salvador da Cruz, pois, «por este sinal venceremos» para ajudarmos os nossos que já partiram e conseguir dar sentido aos nossos sofrimentos.


Miratejo, Rev. Pe. Tiago Ribeiro Pinto, 01 de Fevereiro de 2021


Fonte: Real Associação de Lisboa

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Orwell, profeta do presente

 


Si l’on me demandait quel auteur du passé, de notre XXe siècle surencombré, est le plus actuel pour notre présent, je n’hésiterais pas à citer George Orwell. Il est plus actuel aujourd’hui qu’à son époque, et le sera probablement encore plus à l’avenir. Mort le 21 janvier 1950 et donc rééditable librement avec des droits d’auteur aujourd’hui expirés, 70 ans après sa mort, Orwell – né Eric Arthur Blair – est l’auteur le plus vivant à l’époque du politiquement correct et de la cancel culture, de Big Brother et de la dictature sanitaire, de la pandémie et de la surveillance mondiale, des fake news, de la novlangue et de la censure dans les réseaux sociaux et sur internet.

Avec son 1984, sa Ferme des animaux, son néo-totalitarisme qui prétend être libre, humain et démocratique, il réussit à nous donner les clés pour expliquer le présent. En réalité, il est l’auteur le plus cité et le plus manipulé. La chose terrible et la plus « orwellienne » qui lui soit arrivée est précisément celle d’être cité et utilisé par les gardiens, propagandistes et opérateurs eux-mêmes du nouveau conformisme dystopique, qu’il avait dénoncé ante-litteram [voici un échantillon, ndt]. Décrivant les totalitarismes de son temps, Orwell dans les années 1940 prétendait décrire un futur aujourd’hui déjà passé, 1984 ; mais plus encore il a peint le totalitarisme de notre futur actuel, sur des bases bio-technologiques et psycho-linguistiques.

Quand, par exemple, Orwell dit que l’âme du socialisme (baptisé Socing) est dans la double pensée, avec ses schizophrénies qui accueillent « simultanément deux opinions contradictoires, en les acceptant toutes les deux ». « Dire des mensonges et les croire réellement » est à la base de la double pensée. La manipulation bipolaire devient évidente quand la même action ou le même mot prend des valeurs opposées selon celui qui les prononce ou les exécute. Le langage et la pensée se corrompent mutuellement, et en devenant des actions, ils corrompent le monde: on ne peut pas s’empêcher de penser au présent.

Quand Orwell affirme que Big Brother manipule le passé, qui devient sujet à mutation (contrairement au futur, déjà écrit), on sent comme une odeur d’historiquement correct. Ou encore l’hypocrisie de la langue, les camps de concentration rebaptisés camposvago, le ministère de la guerre qui devient ministère de la paix; la disparition de mots comme honneur, morale, religion, etc., ressemblent à s’y méprendre aux fictions lexicales d’aujourd’hui telles que malvoyants, personne en situation de handicap, opérateur écologique (éboueur), collaborateur scolaire (concierge) et toute la rhétorique sur les gays, les noirs, les migrants. Et à un autre niveau, le serment sacré pour être admis au sein du Parti, la disponibilité à falsifier et à corrompre, à faire chanter et à persécuter, et même « à vendre son pays à des puissances étrangères » suscitent l’inquiétude. Tout comme l’égalitarisme, aggravé – comme dans la Ferme des animaux – par le correctif selon lequel certains « sont plus égaux que d’autres ». Orwell a décrit le communisme de son temps mais aussi le Big Brother qui se glisse dans le présent et menace notre avenir.

Orwell, antifasciste, documente dans un de ses essais le consensus international dont Mussolini a bénéficié et note : « Il n’y a pas un seul de ses méfaits qui n’ait été hautement apprécié par les personnes mêmes qui veulent maintenant le juger … comment est-il possible qu’une action jugée louable au moment où elle a été commise, devienne soudainement condamnable? »

Orwell n’était pas conservateur mais social-démocrate, il est allé se battre pour la république antifasciste en Espagne, mais après avoir vu les horreurs commises par les communistes et après avoir été accusé d’être un traître au trotskisme, du côté de Franco, il a compris que le principal mal était le communisme et l’a dénoncé en des termes sans équivoque. La même expérience a été vécue par Randolfo Pacciardi et Simone Weil, qui se sont précipités en Espagne pour la guerre républicaine et antifasciste et ont été horrifiés par les abominations et les crimes des communistes contre les phalangistes, les gens ordinaires, les adolescents, les religieuses et les religieux, voire les anarchistes.

En 1949, Aldous Huxley écrivit à Orwell que le cauchemar de 1984 coïncide avec celui qu’il décrit dans Le Meilleur des Mondes: les maîtres du monde inciteraient les gens à aimer leur esclavage. La séduction anesthésie l’humanité.

L’appendice de 1984 est inquiétant: Orwell prévoit qu’avec le XXIe siècle, il y aurait une mutation de la langue et de la littérature, retraduite dans la nouvelle idéologie, avec le projet d’arriver au milieu du siècle à l’adoption complète de la novlangue. Nous avons pris de l’avance. Le langage falsifié, le politiquement correct, la vigilance idéologico-sanitaire, le passé effacé et réécrit, le régime des géants du web, la montée mondiale de la Chine communiste et son virus global sont des signes qu’Orwell est malheureusement plus vivant que jamais. Ses droits ont expiré, mais pas ses avertissements.


Fonte: Benoit & Moi

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Saber com o que contamos

 



Ontem, na TVI, profanando a memória do Tenente-Coronel Marcelino da Mata, Fernando Rosas afirmou que o heróico guerreiro traíra o seu povo ao tomar partido pelo colonialismo. É evidente que Rosas se engana, pois Marcelino da Mata era cidadão português de pleno direito. Contudo, o mais grave é a revelação de um profundo preconceito racista que trata de recusar a um negro a plenitude dos seus direitos de português, apondo-lhe o infamante labéu de traidor. Se assim fosse, Joaquim Espírito Santo, Mário Coluna, Matateu, Eusébio, Hilário, Eduardo Nascimento, o Duo Ouro Negro e tantas centenas de desportistas, músicos, militares, juristas, médicos e académicos nascidos no Ultramar, ou filhos de africanos portugueses, foram traidores, colaboracionistas e inimigos dos seus povos. A extrema-esquerda que aplaudiu Pol Pot e todos os monstros a revelar aquilo que todos sabíamos: um profundo desconhecimento de Portugal, que é desde há séculos uma nação de muitos continentes e de muitas cores.

Fonte: Nova Portugalidade

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Santidade

 


Um santo pode ser qualquer tipo de homem, com uma qualidade adicional que é ao mesmo tempo única e universal. Podemos até dizer que a única coisa que separa um santo dos homens ordinários é a sua disposição para ser um com os homens ordinários. Neste sentido, a palavra ordinário deve ser entendida no seu significado nobre e nativo; que está ligado com a palavra Ordem. Um santo está muito além de qualquer desejo por distinção; ele é o único tipo de homem superior que nunca foi uma pessoa superior.

G. K. Chesterton in «São Tomás de Aquino», 1933


Fonte: Veritatis

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Banco Americano Viola Privacidade de Cidadãos Inocentes Sob Pretexto de “Terrorismo Doméstico”

 


No dia 6 de Janeiro de 2021, ocorreu a manifestação intitulada “Salvem a América” em Washington D.C, que juntou mais de um milhão de americanos apoiantes de Donald Trump e resultou em que centenas de indivíduos, incluindo “antifas” infiltrados, invadissem o Capitólio. O Bank of America, o segundo maior banco dos EUA, inspeccionou e entregou, sem informar e sem consentimento, dados confidenciais dos seus clientes que possivelmente estiveram na manifestação ao FBI (Federal Bureau of Investigation), na sua grande maioria cidadãos que não cometeram quaisquer crimes e que, subsequentemente, foram sinalizados pelo FBI como “terroristas domésticos” apenas por terem realizado transacções em Washington D.C nos dias próximos da manifestação.

Bank of America inspeccionou as contas dos seus clientes para encontrar pessoas que pudessem ter estado no comício de 6 de Janeiro, e subsequente invasão do Capitólio. Sem qualquer processo judicial sobre os mencionados clientes, provas de actividades ilícitas ou que sequer tenham participado no evento, o banco entregou ao FBI informação que estes tinham como privada.

Alegadamente, o Bank of America terá sondado transacções operadas em Washington DC, entre os dias 5 e 6 de Janeiro, incluindo compras tão triviais como uma estadia numa acomodação local, um bilhete de avião para o regresso ou qualquer produto vendido em estabelecimentos que também pudessem vender armas (muito comuns nos EUA), mesmo que fosse apenas uma t-shirt

A notícia foi avançada por Tucker Carlson no seu programa na Fox News. Segundo o jornalista e apresentador, Bank of America participou 211 clientes ao FBI sem sequer os alertar, sendo que a entidade bancária terá provavelmente operado de forma ilegal: “Não é claro se o que o Bank of America fez seja sequer legal. Falámos com vários advogados sobre isto, e alguns deles disseram-nos que o que o Bank of America fez poderá, de facto, não ser legal, e poderá ser contestado em tribunal”.

Recorde-se que o Bank of America – agora sob suspeita de ter defraudado a confiança e privacidade de cidadãos comuns (sem ter sequer provas de que estes tenham estado envolvidos na invasão do Capitólio) – é o mesmo que ostentou publicamente, no Twitter, ter doado um chorudo donativo de mil milhões de dólares ao Black Lives Matter e organizações afins , a propósito das manifestações em homenagem a George Floyd, as quais resultaram na morte de 19 pessoas, cerca de 2 mil milhões de dólares em danos sobre estabelecimentos e empresas e mais de 11.000 detenções por crimes, entre os quais furto e destruição de propriedade alheia.

Fonte: Notícias Viriato