Pai e Rei são palavras sinónimas: Filhos, ou súbditos, têm a mesma significação – Pai é o legislador, que recebeu todo o poder para o governo e direcção da sua família, por meio da razão, ou da Lei escrita no coração do homem.
Este poder é transmissível, quando o requer o bem da família, ou seja pelo instinto social, ou pelo desejo de comunicar seus pensamentos uma alma racional, ou pelo medo e temor dos adversários da vida, ou pela força, ou por qualquer outro motivo d'atracção, sobre que são baldadas as disputas ou entretimentos.
O certo é o poder dos Pais sobre os Filhos, e o poder dos Reis sobre os súbditos: não são diversos direitos, ou poderes; são idênticos; o Rei não pode mais que o Pai: estes poderes não foram concedidos, como privilégios, mas só ao fim da conservação das famílias.
Nasceram os homens em dependência absoluta de seus progenitores, até ao tempo em que possam trabalhar, e ganhar o pão com o suor do seu rosto: lei formidável, mas necessária para expiação, e regeneração da carne corrompida pelo pecado: o que não escapou ao Filosofismo natural d'um Platão, e outros homens ilustrados pela revelação primitiva, ou por dom da graça, que não é tão restrita, como pensam muitos homens.
Esta dependência peculiar do género humano, não converteu em coisas as pessoas, mas produziu o direito paternal, o mais sagrado de todos os direitos, para criar, educar e vigorizar a sua descendência, que deve crescer e multiplicar-se, enquanto couber na terra: esta é a força da palavra "replete" escrita no Génesis, que deve entender-se por faculdade de propagar-se.
Pe. José Agostinho de Macedo in jornal «O Escudo», Nº 1, 1823.
Fonte: Veritatis
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