sexta-feira, 9 de novembro de 2012

SAR D. Duarte: República arrisca 'falência fraudulenta'

 
O duque de Bragança, D. Duarte Pio, considerou hoje que a III República em Portugal está "quase a entrar em falência fraudulenta" por "actos de grande incoerência e irresponsabilidade" de vários governos.
 
Falando aos jornalistas na Cidade da Praia, após ter sido recebido em audiência pelo chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o também presidente da Fundação D. Manuel II culminava a síntese do percurso económico de Portugal desde a instauração da República, em 1910.

"A I República começou em 1910 e terminou em 1926 com uma falência muito grave, a II República teve uma economia boa, mas viveu em ditadura e a III República está quase a entrar em falência fraudulenta, com actos de grande incoerência e irresponsabilidade de vários governos", afirmou.

"Agora temos de pagar. O problema é saber como pagar, como evitar sacrifícios, embora todos tenhamos de os fazer. Eu próprio tenho situações em que tenho de rever os planos de acção da Fundação D. Manuel II", afirmou.

D. Duarte Pio defendeu, porém, que a crise que está a afectar Portugal "pode também ser criativa", exemplificando com o desenvolvimento da solidariedade.

"Esta crise pode ser também criativa. Está a desenvolver-se muito a solidariedade, novas ideias e novas iniciativas, e também se corta uma quantidade de despesas inúteis que estavam a ser feitas tanto pelo Governo como pelas empresas. Dentro do drama que vivemos, há algumas coisas positivas aproveitáveis", defendeu.

Questionado sobre um eventual alargamento do prazo da 'troika', o duque de Bragança considerou que tal seria "pior", defendendo que o ideal era o Banco Central Europeu (BCE) avançar com dinheiro a taxas de juros inferiores.

"Tanto quanto sei, pelo que me dizem os economistas, a medida mais positiva e mais eficiente era conseguir pagar juros mais baixos pelos empréstimos que recebemos, como o Banco Central Europeu (BCE), que empresta dinheiro a 1 por cento. Se o BCE empresta dinheiro com essa taxa de juro, porque temos de pagar os juros que temos a pagar?", questionou.

"Essa seria a maior ajuda para diminuir a dificuldade que estamos a passar em Portugal. Em relação à dilatação do prazo, dizem-me os economistas que não vai ajudar muito, porque vai sair mais caro. Além disso, mostrar que não somos capazes de pagar vai criar ainda maior dificuldade nos mercados internacionais", justificou.

D. Duarte Pio lembrou que Portugal está a pedir empréstimos para "pagar as despesas correntes do Estado", que ainda hoje não consegue cobrir os custos com os seus próprios rendimentos.

"Não é preciso ser um economista genial para perceber que isso não pode funcionar e qualquer dona de casa percebe que não se pode gastar mais do que se ganha", sublinhou o duque de Bragança, lembrando que mais de 80 por cento dos custos destina-se ao pagamento de salários na Função Pública.

"(Os funcionários públicos) Passaram de 200 mil, em 1974/75, para 700 mil e 50 por cento do rendimento nacional é para pagar o funcionamento do Estado. Isso não é sustentável", concluiu.

Fonte: Sol

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