As experiências politicas e sociais do nosso tempo, longas ou fugazes, têm-me arraigado na convicção de que o Rei, como procurador histórico da Nação, é o mais natural processo de defesa e manutenção das liberdades públicas perante a força, a autoridade e as largas funções que caracterizam o Estado Moderno; o Monarca, não está por natureza enfeudado a uma «direita» ou a uma «esquerda», e por isso ele tem em si o dom de libertar as Instituições sem que perigue a autoridade do Estado. À sombra da Instituição monárquica, o diálogo das opiniões pode prosseguir livremente como elemento fundamental na evolução progressiva do País. No seu próprio interesse e dos seus descendentes, o Rei é a garantia do respeito das leis fundamentais da vida pública, o fiador das liberdades naturais e legítimas do Povo e finalmente o zelador da justiça social.
Creio ser possível, na aparente desorientação dos espíritos, encontrar o denominador comum do pensamento político, da ansiedade popular, das opiniões dos homens cultos e das vitais exigências da grei. Será ele uma síntese política em que a acção dum Governo eficiente e forte exerça no estrito acordo das regras da moral cristã e do Direito Público, respeite como limite os inalienáveis direitos da pessoa humana, faça florescer as liberdades públicas e associativas, e seja condicionado e fiscalizado por uma genuína representação nacional. É esta, aliás, a grande tradição da Monarquia Portuguesa, e creio que Vós, portugueses, sabereis reconhecer a vantagem que a Instituição Real Vos oferece na realização e defesa do harmonioso edifício dum Estado verdadeiramente nacional.
Excerto da Proclamação de S.A.R., O Senhor Dom Duarte Nuno de Bragança, Fevereiro de 1959
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