Alguns indivíduos aparentemente normais, serenos, senhores de si, tendo talvez um lar, tendo uma família, gozando amplamente a saúde, a liberdade, a alegria de viver, reúne-se em tertúlia política e por uma dissidência de partido resolvem por unanimidade matar um homem e uma criança.
(…) Do Rei que ele foi me permito consignar apenas que monstruosamente o assassinaram no preciso momento culminante em que, perante o abjecto rebaixamento dos costumes políticos do seu tempo, ele empreendia como Chefe do Estado a mais profunda, a mais decisiva obra de remodelação administrativa, de renovamento moral e de saneamento público de que jamais fora objecto, desde a sua origem até então, o corrompido e viciado regime constitucional.
Lucidamente cônscio de que nesse aventuroso lance arriscava talvez a coroa e a vida, ele não vacilou um instante, e encarando a morte caminhou firme e resolutamente para ela, amortalhado, como os heróis e os mártires, na resplandecente convicção do dever cumprido.’
Ramalho Ortigão | Artigo “El-Rei Dom Carlos I de Portugal” de 21 de Janeiro de 1913
Recolha: Plataforma de Cidadania Monárquica
Sem comentários:
Enviar um comentário