Se olharmos com atenção para o que se passa nos países europeus onde a Monarquia é o regime vigente, facilmente chegamos à conclusão de que quem "manda", entenda-se quem governa, são os governos eleitos democraticamente pelos eleitores desses mesmos países, como de resto sucede em Portugal.
Os Reis são um permanente "carimbo" da nossa Pátria. Um Rei, preparado desde o seu nascimento, não divide, contrariamente ao presidente, porque não sendo oriundo de um partido político, está, como dizia Francisco Sousa Tavares, "para além do poder", ou seja, o Rei pertence a todos de igual modo, independentemente do campo político e/ou ideológico, tal como a própria Pátria igualmente a todos pertence. Ao Rei, não tendo, a função de governar nem nela se imiscuir, cabe a importantíssima função de arbitrar de forma realmente isenta o jogo político-partidário, papel sempre difícil para o presidente dado o seu historial partidário e a constante preocupação com a sua reeleição. Analisando os primeiros e os segundos mandatos dos presidentes da república facilmente constatamos que há uma enormíssima diferença no agir entre os dois, sendo o segundo grandemente caraterizado por momentos de conflituosidade entre a presidência e o governo, algo quase inexistente no primeiro.
O Rei ou a Rainha, evidentemente, é um símbolo, não um político. E símbolos dão, alimentam e orientam convicções, devendo por isso ser perenes. Presidentes podem, e quero acreditar que procuram fazê-lo, dentro das limitações insanáveis anteriormente referidas, exercer os seu mandatos o melhor possível, contudo são cidadãos que, no plano simbólico, têm um vínculo claramente diferente com a Pátria. O presidente é apenas um seu representante temporário, ao passo que o Rei tem com ela todo um percurso histórico paralelo.
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