Em política, não existem coincidências.
Desde há alguns dias, a comunicação social tem noticiado as declarações do Duque de Bragança, referindo-se à disposição do Brasil ajudar Portugal a combater a crise económica e financeira. Enquanto alguns ignoraram totalmente a hipótese, houve quem tivesse exercido o seu "direito de troça" e ainda ontem, o nosso colega Portugal dos Pequeninos - que acusa D. Duarte de ócio! - desferiu um dos seus habituais ataques, talvez maçado pela evidente vacuidade e circunspecto mutismo de um re-candidato a certas "cooperações estratégicas" entre-palácios.
Os noticiários dizem que o governo do ainda presidente Lula da Silva, parece disposto à ajuda e que o sr. Teixeira dos Santos foi pragmático, ouvindo in loco a notícia daquela possibilidade. A compra de títulos de dívida, consiste na primeira fase e se existir vontade e competência no trato, poderemos chegar muito longe. Bem vistas as coisas, o governo português beneficia da diplomacia paralela da Casa Real, sem que isso implique qualquer tipo de despesa para os contribuintes. Gostem ou não gostem os detractores, engulam a evidência e aproveitemos a oportunidade.
A acção do cada vez mais nosso Rei, parece ter sido um factor de inegável relevo.
Estamos mesmo assim: gastamos quase 20.000.000 de Euros com Cavaco Silva - não contando com os outros três ex -, para que permaneça calado e ocasionalmente surja em cimeiras, como mero apêndice de S.M. João Carlos I de Espanha. O caríssimo ocioso residente de Belém, cada vez mais se parece com um sucedâneo do senhor Moralles e uns tantos outros de quem poucos sabem pronunciar o nome.
Definitivamente, chegámos a uma fase de transição e a par da cada vez mais estranha Europa, ressurgem outras possibilidades bem ao nosso gosto. Às montanhas com cumes nevados, os portugueses sempre preferiram praias bordejadas por coqueiros. Fazem bem.
Nuno Castelo-Branco
Fonte: Centenário da República
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