quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Porque não Soares ou Sampaio?


Timor Lorosae é credor de Portugal em, sem dúvida alguma, uns largos milhares de vidas dos seus cidadãos, perdidas em guerra civil ou na sequência da invasão da Indonésia. Porque, tal como nas mais provincias ultramarinas, os nossos governantes abrilinos nenhum escrúpulo tiveram em passar o testemunho a movimentos de inspiração (e prática) comunista. No caso timorense, a FRETILIN. O resto é demaisadamente sabido para que necessário se torne adiantar mais pormenores. Foi assim, ante a distracção de Lisboa e a ignorância do País em geral. E entre as raras vozes que levantaram o seu protesto, à frente delas todas, esteve a do Senhor D. Duarte, Duque de Bragança, o actual Chefe da Casa Real portuguesa.
Apenas o massador massacre do cemitério de Santa Cruz obrigou - pois que remédio! - as entidades oficiais a tomarem as "devidas" posições, obviamente de natureza diplomática. Felizmente para Timor, a Austrália está perto e não alinha em indecências...
Os anos passaram. E os poderes públicos timorenses vieram finalmente reconhecer quem, desde os "acampamentos" de refugiados no Vale do Jamor, sempre estivera do seu lado. Discretamente, desinteressadamente, empenhadamente.
De modo que, na pessoa do seu representante, a nossa Casa Real é hoje cidadã de Timor. Um ínfimo País? Perguntem a Soares ou a Sampaio se não gostariam de receber honra idêntica de S. Tomé e Princípe.
Quanta verborreia, que imensa comitiva Pacífico fora, se Ramos Horta se lembrasse de colocar ao peito de algum dos nossos Presidentes a Ordem de Mérito de Timor-Leste, atribuindo-lhe, concomitantemente, a nacionalidade deste País. Mas não, a mercê recaiu sobre SAR o Senhor D. Duarte. Uns malandros estes timorenses!
E uma demonstração evidente de que a Coroa portuguesa não perdeu prestígio junto dos EStados lusófonos, tal como entre a maioria dos nacionais.

 João Afonso Machado

Fonte: Corta-fitas

1 comentário:

Carlos Gomes disse...

A questão de Timor-Leste é uma verdadeira lição para os portugueses e também para os timorenses. Portugal tem responsabilidades porque, devido às circunstâncias políticas, não assumiu o seu dever de soberania. A FRETILIN teve responsabilidades porque declarou unilateralmente a independência. Em geral, os partidos timorenses foram responsáveis por se terem envolvido numa guerra civil e não tiveram sequer em conta a posição geo-estratégica de Timor no contexto da guerra fria. Sem também pretender branquear as suas culpas, a Indonésia serviu de "bode expiatório" quando ocupou o espaço deixado vago por Portugal perante o risco de influência da República Popular da China na região.
Toda a gente sabe que a FRETILIN foi criada em Portugal por influência do MRPP. Porém, aqueles que agora assumem a chefia do Estado Timorense são militantes da FRETILIN que na sua juventude acreditaram num ideal revolucionário e hoje reconhecem os serviços prestados pelo sr. D. Duarte. Também é justo reconhecer que os homens não são bonecos imutáveis mas pessoas que vivem as contradições do seu tempo e também evoluem.
Convém ainda lembrar que nem todas eram províncias ultramarinas... era o caso de Cabinda que agora é colónia de Angola! Cabinda era protetorado português...