El-Rei Dom Dinis, o Rei Poeta, foi o 6.° Rei de Portugal, e era filho do Rei Dom Afonso III de Portugal e da Infanta D. Beatriz de Castela. Nasceu a 9 de Outubro de 1261 e faleceu a 7 de Janeiro de 1325.
Dom Dinis, um nome incomum e mesmo único na genealogia real portuguesa, com pouco mais de dezassete anos, foi Aclamado Rei em Lisboa, em 1279, tendo governado durante 46 anos. Casou em 1282 com Dona Isabel de Aragão - a Rainha Santa Isabel.
Foi essencialmente um Rei preocupado com os assuntos de Estado e organização administrativa e não um guerreiro, pois embora envolvesse numa guerra com Castela, em 1295, desistiu dela em troca das vilas de Serpa e Moura.
Assim, estabeleceu a Paz com Castela, definindo-se as fronteiras actuais entre os dois Reinos da Península Ibérica. A assinatura do Tratado de Alcanizes ocorreu a 12 de Setembro de 1297 entre El-Rei Dom Dinis de Portugal e El Rey Don Fernando IV de Leão e Castela, e fixou os limites geográficos de Portugal, após uma guerra que opôs os dois Reinos Ibéricos.
Este Tratado de paz celebrado foi firmado na povoação leonesa Alcañices, próximo de Miranda do Douro, entre D. Dinis, Fernando IV e sua mãe Maria de Molina, pondo fim à guerra de 1295-97. O tratado definiu os limites do território continental português, que não teve alteração posterior, exceptuando a perda de Olivença, em 1801, através do Tratado de Badajoz, denunciado em 1808 pelo Reino de Portugal, mas que não evitou a anexação do território por Espanha. Em 1817, quando subscreveu o diploma resultante do Congresso de Viena (1815), Espanha reconheceu a soberania portuguesa, comprometendo-se à devolução do território o mais rapidamente possível. No entanto, tal nunca chegou a acontecer.
O Tratado de Alcanizes:
- Fixou definitivamente os limites, as fronteiras entre Portugal e Castela-Leão;
- Portugal ficou com as suas praças de Riba-Côa, Olivença, Campo Maior, Ouguela, Moura e Serpa, e Castela com Aroche, Aracena, Valência, Ferrera, Esparregal e Ayamonte; e
- Fixou uma aliança de casamento em que Fernando IV casaria com D. Constança, filha de D. Dinis, e D. Beatriz, irmã de Fernando IV, com D. Afonso, príncipe herdeiro de Portugal.
El-Rei Dom Dinis para estimular a agricultura, distribuiu terras a colonos, mandou construir canais e secar pântanos e limitou os privilégios territoriais da igreja e, mandou plantar o célebre Pinhal do Rei, em Leiria, e por isso, foi cognominado de "O Lavrador". Durante o seu reinado, o comércio também prosperou, com o aumento da extracção de metais, a protecção às feiras e a reorganização da Marinha. Beneficiou a literatura e mandou traduzir livros latinos e árabes, inclusive a Geografia de Razis.
Fundou a primeira universidade do País, que funcionou entre Lisboa e Coimbra, até se fixar nesta última cidade.
Poeta e patrono de trovadores e jograis, também foi apelidado de O Rei Poeta ou O Rei Trovador pelas cantigas que compôs - Foi o primeiro rei português a assinar os seus documentos com o nome completo.
Depois dos primeiros Reis da Dinastia Afonsina, com preocupações marcadamente geopolíticas de formação e manutenção do território, chega-se ao Reinado de Dom Dinis, que transforma Portugal num dos mais famosos focos da poesia europeia da Idade Média, e que ficou conhecido como o Período Trovadoresco ou Galego-Português. Neste período eram sobretudo o “Amor” e a “Amizade” os temas sobre o que os poetas escreviam e que os trovadores cantavam, mas não exclusivamente, debruçando-se ainda em temas políticos sobretudo feitos guerreiros e até mesmo assuntos satíricos.
Mas dominam sobretudo dois estilos de lirismo: as Cantigas d’ Amor – de influência Provençal – e as Cantigas d’ Amigo, completamente nativo português.
As primeiras, recatada e requintadamente platónicas, focam-se no enaltecimento das qualidades da mulher amada ou na expressão da saudade do ente amado.
Nesta sublimação da figura feminina participou el-Rei Dom Dinis com a sua mestria e indiscutível talento poéticos:
«Quer’ eu en maneira de poençal
Fazer agora un cantar d’amor
E querrei muit’ i loar mnha senhor’a,
A que prez nem fremusura non fal,
Nem bondade, e mais vos direi en:
Tanto a fez Deus comprida de bem
Que mais que todas las do mundo val.»
Mas mais conhecidos e enaltecidos são os seus poemas no estilo de Cantigas d’ Amigo, e a mais célebre Cantiga d’ Amigo D’el-Rei Dom Dinis – escrito sobre a perspectiva de uma personagem feminina, como era comum à mestria da época - foi certamente o célebre: AI FLORES, AI FLORES DO VERDE PINO.
«Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo!
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?»
'D. Dinis, o rei que fez tudo quanto quis!’ – ditado popular -, reinou e governou até sua morte, em Santarém, e está sepultado no Convento de São Dinis, em Odivelas. Os últimos anos do seu reinado foram marcados por conflitos internos quando o herdeiro, futuro D. Afonso IV, achando que o rei favorecia o seu filho bastardo, Afonso Sanches, entrou em conflito com o pai, mas não chegou a haver guerra civil.
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