Filho do Rei D. Duarte e de sua esposa D. Leonor de Aragão, D. Afonso V nasceu em Sintra, a 15 de janeiro de 1432.
D. Afonso ascendeu ao trono com apenas seis anos de idade, em 1438, tendo sido estabelecida uma regência, inicialmente liderada por sua mãe e posteriormente por seu tio Pedro, Duque de Coimbra, irmão de D. Duarte.
D. Afonso viria a assumir o governo do Reino em 1446, ainda com o auxílio do seu tio, mantendo, no entanto, uma relação conturbada com este, que afastara definitivamente em 1448.
Em 1449, acabaria mesmo por enfrentar D. Pedro na Batalha de Alfarrobeira, da qual sairia vitorioso. Pouco depois do término do conflito, D. Afonso V começaria a conceder cartas de perdão aos partidários do seu tio, sendo que em julho de 1455, após o nascimento do seu herdeiro, o futuro Rei D. João II, é publicado o perdão geral para todos aqueles que ainda não tinham sido absolvidos e que tinham apoiado o ex-regente.
Com a pacificação da política interna, D. Afonso V iniciaria uma fase de expansão caracterizada pelas campanhas no Norte de África, das quais adviria o cognome do Monarca, “o Africano”.
Sob as ordens de D. Afonso V, o exército português conquistou Alcácer Ceguer, em 1458, Anafé, em 1464 e finalmente, após o fracasso inicial, Tânger, em 1471, juntamente com Arzila e Larache.
Além da campanha no Norte de África, o Rei apoiou ainda a ação dos Descobrimentos, inicialmente ainda sob a coordenação do infante D. Henrique, seu tio. Assim, seria no seu reinado que os portugueses atingiriam a Serra Leoa e a Guiné. Quando desta regressavam, Diogo Gomes e Antonio da Noli terão avistado o arquipélago de Cabo Verde.
Em 1469, D. Afonso V concederia o comércio da Guiné a Fernão Gomes, com a condição deste descobrir todos os anos 100 léguas de costa, o que acabaria por fazer com que este alcançasse a costa da Mina. Em 1470, seriam descobertos S. Tomé e Príncipe por João de Santarém e Pedro Escobar. Em 1472, Álvaro Esteves passaria o equador. Em 1473, João Vaz Corte Real terá alcançado a Terra Nova, no Canadá.
Em 1475, D. Afonso V envolver-se-ia na Guerra de Sucessão de Castela, um conflito que teve como causa uma disputa pelo trono deste Reino, travado pelos partidários de D. Joana, a Beltraneja, apoiada pela Coroa portuguesa e de D. Isabel de Castela. Como D. Afonso V enviuvara de sua esposa D. Isabel em 1455, planeava casar com D. Joana e, assim, unir os dois reinos sob a Coroa portuguesa. Em 1476, a Batalha de Toro terminaria com um desfecho desfavorável para os interesses portugueses (destacando-se, no entanto, o feito heróico de Duarte de Almeida que, mesmo com duas mãos decepadas, continuou a segurar o estandarte português com os dentes), pelo que D. Afonso V assinaria em 1479 o Tratado de Alcáçovas, onde acabaria por reconhecer D. Isabel e seu esposo D. Fernando, os Reis Católicos, como legítimos Monarcas de Castela.
Este tratado seria, em 1480, ratificado na cidade de Toledo e, além do reconhecimento relativo ao trono de Castela, seriam incluídas cláusulas quanto à expansão ultramarina dos dois reinos, tendo sido reconhecido o domínio português sobre a ilha da Madeira, o arquipélago dos Açores, o de cabo Verde e a costa da Guiné, ao passo que Castela receberia as ilhas Canárias, renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador. Foram também regulamentadas as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino de Fez, no Norte de África. Este tratado seria um importante antecedente do Tratado de Tordesilhas, ratificado em 1494.
Abdicando da governação em 1477, a favor do seu filho D. João II (que já assumira a coordenação da política de expansão ultramarina desde 1474), D. Afonso V viria a falecer a 28 de agosto de 1481, aos 49 anos, encontrando-se sepultado no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
D. Afonso V permitiria que o legado do Infante D. Henrique fosse continuado, tendo consolidado o domínio do Oceano e da costa africana, estabelecido o controlo das ilhas e alcançado S. Jorge da Mina, uma próspera fonte de ouro.
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