segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

AS ELEIÇÕES...

 


- O Senhor é parvo!
- Parvo é o Senhor!
- Senhor? Senhor dos Passos;
- Passos? Paços do Concelho;
- Conselho de Ministros;
- Ministro da Guerra;
- Guerra Junqueiro;
- Junqueira, Alcântara;
- Alcântara, Mar;
- Mar, da China;
- China, Xangai;
- Chian Kai-Shek;
- Xeque-mate;
- Mate o Senhor;
- O Senhor é parvo!
- Parvo é o Senhor! (continua).

(autor desconhecido).

De quatro em quatro anos para as legislativas; de quatro em quatro anos para as autárquicas; de cinco em cinco anos para as presidenciais; de quatro em quatro anos para o inventado Parlamento Europeu (que não serve para nada) e, ainda, eleições intercalares, quando eventualmente o Presidente da República morrer ou resignar na função, ou o Governo cair ou, outrossim, o Parlamento for dissolvido, lá se tem de montar o “circo” das eleições. Pois de um espectáculo circense se trata, sem ofensa para quem é elemento daquela nobre Arte, que nem sequer é reconhecida como tal.

“Espectáculo” que nos custa os olhos da cara (em impostos e paciência), bem como custa ainda mais, depois, manter os órgãos eleitos (quando quase tudo está viciado), que supostamente, deveriam cumprir as funções clássicas do Estado, de proporcionar Segurança, Justiça e Bem-Estar (por esta ordem) a toda a Nação portuguesa, expressão aliás, caída em desuso. Melhor dizendo, saneada, o que diz muito sobre a situação actual.

Mas que, na prática, pelo menos nestes últimos quase 50 anos (será que é isto que irão comemorar no Jubileu de Abril?) apenas tem servido para cobrar (esbulhar) impostos; exercícios dialécticos e ideológicos para a procura de Poder (pelo Poder) e um frenesim de negociatas (que não negócios) para ver quem abocanha maior fatia de influência e do vil metal.

Daí que a corrupção se tenha desenvolvido que nem uma mancha de óleo que nada detém, espoletada por uma deliquescência galopante da Moral e da Ética.

Com o 25 de Novembro de 1975 inaugurou-se, a quinta vez, desde 1820, em que se tenta implantar este regime “soit dizant” liberal/democrático, o qual, sendo considerado por muitos - invocando a célebre (mas muito discutível) frase de Churchill, que considerava a “Democracia o pior regime político, depois de todos os outros”. O que só tem causado desgraças ao nosso País, tendo provocado, nestes últimos 200 anos, grande tumulto político e social; violência que baste; exercício da governação fora do quadro constitucional; três guerras civis (e outras ficaram à porta); assassinatos de governantes; perdas dolorosas de território e populações; limitações graves à soberania e bancarrotas frequentes.1

1 Divido as cinco épocas: de 1820 a 1834; de 1834 a 1851; de 1851 a 1908; de 1910 a 1926; de 1975 até hoje. Os períodos de 1908 a 1910; de 1926 a 1933 e 1974/5, considero algo parecido a um interregno.

Convinha pois, parar alguma vez para reflectir e tentar mudar o que se vai repetindo, o que apenas se conseguiu durante o chamado “Estado Novo”, o que também quase ninguém, hoje em dia, quer admitir, nem sequer analisar.

Esta quinta vez já vai longa por duas razões principais: vivemos de dinheiro alheio, e não do produto do nosso trabalho e saber, a maior parte do qual é virtual, pois não está baseado em qualquer riqueza ou economia real (é especulativo e “escritural”) - mas as contas hão-de ser ajustadas; e estamos metidos num colete - de - forças chamado União Europeia e respectivo “euro” - uma realidade que tem todos os condimentos para se desintegrar.

As causas do que digo (e falta de soluções credíveis) estão espelhadas em cada campanha eleitoral - hoje em dia muito condicionadas pelo factor mediático e do excesso de protagonismo que os seus profissionais têm na vida da sociedade (a importância dos profissionais da comunicação social e dos licenciados em Direito, têm uma proeminência muito desequilibrada no todo nacional, que deve ser corrigida com urgência.

“Ele” são arruadas; visitas a feiras e mercados; panfletos e cartazes, comícios (cada vez mais soporíferos) e o “assalto” a tudo o que são meios de comunicação social, sobretudo a televisão, e ultimamente as chamadas redes sociais.

Tudo é circo, onde impera a demagogia, a contra-informação, os ataques pessoais, discussões intermináveis sobre mudanças, promessas delirantes, o primado do acessório, etc. Resta faltar o pão…

Tudo isto é de tal modo gravoso, que passou só a interessar aos assanhados (ou interesseiros) membros dos Partidos Políticos e tem causado um tal asco na população que a maioria se abstém (mal) de participar seja no que for e também de ir votar.

Daí não haver pachorra para assistir aos debates televisivos (sempre a mudar de figurino) dos principais candidatos - excepção para a chusma de comentadores que, por dever do ofício têm de passar horas a perorar sobre o que cada um disse ou não disse e devia dizer. Enfim, dá algum dinheiro a ganhar a muita gente.

Por isso é até preferível estar numa bicha para ir a uma urgência do Serviço Nacional de Saúde do que ganhar coragem para assistir a um debate televisivo, mesmo sentado confortavelmente, sendo conveniente não dispor de objectos contundentes à mão, pois a tentação de os atirar contra a pantalha, é assaz recorrente.

De facto, seja em que figurino for, aquilo descamba sempre no mesmo, que é na subida dos decibéis; na agressão permanente; na falta de ideias claras e de fundo; no exercício dialéctico de passar a perna ao adversário, ou de o rasteirar pessoal ou politicamente. Num debate por norma moderado (coisa que raramente é conseguido) por um jornalista algo tendencioso e opinativo, que tenta marcar um conjunto de temas, a que cada candidato contorna para dizer o que lhe interessa, ou lhe sai boca fora. Tudo descambando no fim, na discussão patética de dois ou três temas menores que, por acaso, fazem as manchetes do momento.

A falta de foco, a dessintonia e a falta de coragem em pôr o dedo nas causas reais dos problemas que nos afligem, é total e, pelos vistos, universal.

O excerto de autor desconhecido, que encima o texto, é elucidativo da qualidade dos debates...

Ao menos uma vez na vida gostaria de ouvir um candidato que seja, discorrer sobre um tema que apoquenta ou corrói o Estado-Nação mais antigo do mundo, e que está em vias de desaparecer, sem que tal preocupe qualquer filho D’algo.

Deixo algumas dicas.

Em primeiro lugar as normas morais e éticas, base de qualquer sociedade. Elas estão a ser solapadas (o que é uma coisa de todos os tempos) e pior que isso, tornadas relativas. Ora, há princípios morais e éticos que são perenes e têm de ser preservados. Esta deve ser a primeira preocupação de qualquer candidato a dirigente político.

De seguida o Sistema Político, ou seja o modo como o Estado se organiza para enquadrar e dirigir a Nação, em termos políticos e sociais. O actual sistema está cheio de erros e vícios. Além de que a própria “Democracia” está ela própria “viciada” pela existência e acção das chamadas organizações secretas ou discretas, de que há bastos exemplos. Não é importante falar sobre isto?

Daqui resulta uma crise financeira, de tal modo grave, que o país está falido (sem que ao sistema financeiro sejam imputadas responsabilidades…). Literalmente falido, o que a não ser travado e revertido, fará com que o país se irá alienar, por vários meios, a ele próprio, até deixar de existir e o que restar dos seus cidadãos, passarão a fazer parte de uma qualquer espécie de escravatura.

Sem o problema financeiro saneado, não se pode fazer mais nada.

As questões de Segurança (onde aliás, as finanças se inserem) e de Defesa, não merecem aos candidatos a chefes políticos qualquer preocupação. O zero absoluto. Aliás, as questões internacionais que nos afectam, também costumam passar incólumes como se nada connosco possa contender…

O estado catastrófico das Forças Armadas, não lhes merece sequer uma referência. O granel e indigência que se vive nas Forças de Segurança, também não os preocupa por uma frase que seja. A criminalidade, idem.

A Demografia negativa; a emigração galopante; a imigração em massa, mais as correntes migratórias e toda a parafernália apensa - de que se destaca a lei da nacionalidade, os “vistos gold”, etc. - que representam um suicídio aceleradíssimo da nossa identidade; a prostituição da nacionalidade e o fim da matriz cultural portuguesa, em duas gerações, não parece preocupar nenhum dos putativos candidatos a estadistas!

O Federalismo Europeu e o Iberismo (a que se junta o caso não resolvido de Olivença) passa ao lado do discurso, ao passo que a condescendência com as mentiras e desajustes dos “ismos” que por aí medram, representa um miserável encosto ao politicamente correcto, numa subserviência malsã com a subversão da História, Cultura e modo de ser de toda uma população.

Isto para já não falarmos da desgraça do Ensino e da Justiça a necessitarem uma saponária de alto a baixo, mas só são alvo de críticas superficiais alardeados com mesuras de grande respeito.

Fala-se amiúde no Serviço Nacional de Saúde, mas não vi ainda ninguém enunciar as principais razões da sua progressiva falência: o descontrolo financeiro; o compadrio partidário das cúpulas; os vícios das carreiras/horários/horas extraordinárias, etc. Todo o mundo se limita a solicitar mais meios, “esquecendo-se” todos de que a débil economia portuguesa e desastre financeiro, não permitem sequer metade dos recursos de que já dispõem…

Economia de que, por outro lado se fala a esmo – nomeadamente semeando orgias de números pelo éter, que ninguém fixa, tão pouco entende - mas para quê, se tudo o resto que está à volta só contribui para o seu desmantelamento ou estagnação? Quando se taxa o trabalho em vez do consumo (aliás taxa-se tudo); onde a palavra “estratégia” só existe no dicionário; onde as empresas estão descapitalizadas, endividadas e sempre à espera de uma mãozinha do Estado, e as geridas por este, são elefantes brancos, um sorvedouro dos nossos impostos; para já não falar nos negócios blindados das “PPP” e afins, onde agora emerge a situação caótica da energia…

Estado (autarquias incluídas), cujos dirigentes (oriundos dos Partidos) estão sentados na manjedoura do Orçamento e em que cerca de metade dos seus funcionários, estimo, esteja em permanência, de baixa ou em greve.

Do mesmo modo que não existe a mínima preocupação com a falta de “Autoridade” existente e o abandalhamento de tudo, sem o que nada é possível executar.

E esqueçam, não vou falar da pouca-vergonha do Futebol, pois é aquilo de que se fala mais. O que também diz muito do que somos e no que estamos…

Não se vislumbra uma única atitude com carácter que vá ao encontro do que se deve fazer e não com o olho na caça ao voto.

Por isso tem Artur Ribeiro Lopes, razão ao dizer (“Política”, 141), que “a falta de personalidade das elites portuguesas constitui um perigo nacional permanente”!

A única coisa que se sabe fazer é reivindicar (prometer) mais direitos (e facilitismos) e lançar dinheiro para cima dos problemas.

Nem com este massacre diário, que já leva dois anos, sobre esta coisa maldita do “SarsCov2” alguém é capaz de ter uma proposta clara (mesmo que arriscada), muito menos o de por ênfase em se descobrir a origem de tudo o que se está a passar, ou denunciar aproveitamentos posteriores, sem o que jamais deixaremos de parecer umas baratas tontas.

Isto vai de mal a pior e continua a ser actual o que os historiadores franceses Ernest Lavisse e Alfred Rambund, afirmaram sobre a situação política em Portugal, em 1904: “Os Partidos não são mais do que “coteries” cujos chefes lutam uns contra os outros com uma completa ausência de escrúpulos e um perfeito esquecimento do interesse público. Tudo é aparência e mentira”.

É tudo isto (e apenas isto) que ressalta das campanhas eleitorais.

E o “Sistema” tritura tudo. Por isso votem Tiririca, pois pior não fica…

Dica camuflada: Abaixo a Revolução; viva a Contra-Revolução!

João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)

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