domingo, 9 de janeiro de 2022

Eis a verdadeira razão pela qual eu odeio o socialismo

 


Há muitas razões para odiar o socialismo. A maioria das pessoas odeia-o por razões económicas. Os socialistas acreditam na propriedade e administração colectiva, ou governamental, dos meios de produção e distribuição dos bens. Assim, afasta inúmeras pessoas com o seu ataque à propriedade privada.         

As pessoas também odeiam o socialismo devido ao seu carácter coercivo. O socialismo não gera imediatamente a tirania violenta do regime comunista a que inevitavelmente conduz. Todavia, proporciona a tirania mais suave e sufocante da acção prepotente do governo, dos impostos, da confiscação e da regulamentação que torna a vida dificílima aos proprietários que produzem bens e serviços.    

A mentalidade socialista     

Todas estas são razões válidas para abominar o socialismo. No entanto, para mim, a razão mais convincente é a mentalidade materialista que o socialismo gera.          

Como todas as visões materialistas do mundo, os socialistas acreditam que só existe a matéria. Como resultado, toda a sociedade é organizada em torno de um apego à matéria e de uma rejeição de tudo o que é espiritual. Se algo não ajuda a permanecer vivo, não é importante.          

Deste modo, o socialismo gera uma mentalidade de horizontes estreitos. A vida torna-se marcada pelo vazio incómodo que provoca a falta de um propósito e de um sentido mais amplo. Tudo é julgado pela métrica económica. O governo encarrega-se de garantir a segurança material, erradicando todo o sofrimento através dos seus programas, controlos e regulamentos. Inevitavelmente falha.   

Uma aversão ao risco e à dor          

Na sua obra fundamental, Revolução e Contra-Revolução, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira descreve bem esta mentalidade socialista como «toda feita de horror ao risco e à dor, de adoração da segurança e do supremo apego à vida terrena».         

Esta descrição da mentalidade socialista explica porque detesto o socialismo. Hoje vejo os efeitos desta mentalidade mesquinha em todo o lado, e enche-me de pavor e repugnância. Sinto-me sufocado pela sua falta de um propósito superior. Os seus grilhões materialistas privam a alma humana (negada pelo socialismo, afinal de contas) dos seus melhores e mais nobres frutos. Onde quer que esta mentalidade prevaleça, sufoca a iniciativa humana e promove o vício da preguiça, alimentando a inveja, a desarmonia social e o ressentimento.          

A aversão ao sofrimento     

Esta mentalidade baseia-se em três erros que aparecem em todo o lado à medida que o socialismo se instala.           

Como mencionado pelo Prof. Corrêa de Oliveira, o primeiro erro do socialismo é a repugnância da dor. Uma visão materialista do mundo sustenta que toda a dor é uma injustiça causada pelas desigualdades materiais que nos rodeiam. Assim, há um esforço constante para erradicar a dor através da eliminação das desigualdades materiais. As soluções socialistas reduzem tudo a dar mais bens materiais àqueles que têm menos. Os socialistas acreditam que fornecer às pessoas bastante dinheiro gratuito fará desaparecer o problema.      

A mentalidade socialista manifesta-se na vida quotidiana ao visar qualquer distinção, reconhecimento ou honra que derive das qualidades e dos talentos que surgem naturalmente na sociedade. Suprime as hierarquias naturais e as estruturas sociais (incluindo a família). Todas estas coisas devem ser niveladas e vilipendiadas porque “causam” sofrimento. No seu lugar, colocam a suave tirania das regras igualitárias, das leis e das burocracias que procuram impor a igualdade em todas as coisas e em todos os processos.   

O governo assume o papel do Grande Irmão, aquele que sabe o que é melhor para todos. Sob o pretexto de evitar o sofrimento, escondem-se os vícios da apatia, da inveja e do orgulho.     

Podemos ver este ódio extremo pela mínima dor nos ambientes socialistas onde a mais pequena palavra desencadeia e ofende uma sensibilidade delicada. A ditadura do politicamente correcto funciona para assegurar que ninguém seja ofendido, que nenhum sentimento seja ferido ou que nenhuma fraqueza seja exposta. Mesmo a dor histórica tem de ser revista e a própria História reescrita, de modo a reflectir a suposta injustiça do sofrimento.        

A desumanidade de um mundo assim       

Num mundo assim medíocre, ninguém pode suportar nada de enfático por medo de ferir os outros com uma afirmação truculenta de verdade ou de sabedoria. Qualquer pessoa que inflija uma qualquer dor a outra deve ser punida, mesmo a criança por nascer no útero materno.          

Esta mentalidade baseia-se na mentira absurda de que todo o sofrimento deriva da desigualdade e que é uma injustiça.        

A verdade é que o sofrimento faz parte da realidade da existência humana terrena. Não pode ser evitado. Todas as pessoas devem sofrer e morrer. As desigualdades nas nossas qualidades e dos nossos talentos também fazem parte da nossa natureza e devem ser encorajadas, não suprimidas.

Os indivíduos constroem o próprio carácter e vivem uma vida cheia de significado e de objectivos, superando as dificuldades e o sofrimento. Além disso, os nossos maiores sofrimentos são espirituais, não materiais. Surgem da nossa procura de sentido, unidade e perfeição. Na verdade, a mania de evitar o sofrimento leva frequentemente ao maior dos sofrimentos.

Evitar o risco 

Um segundo erro da mentalidade socialista é a sua aversão ao risco. Trata-se de uma lógica consequência de evitar o sofrimento a todo o custo.  

A mentalidade socialista identifica-se com a eliminação de todos os riscos. Embora o risco não provoque necessariamente dor, abre a porta à possibilidade de sofrer. Mesmo esta remota possibilidade deve ser eliminada no mundo socialista. Do mesmo modo, o risco da desigualdade deve ser suprimido porque aqueles que correm riscos são recompensados de forma diferente pelos seus esforços.  

Assim, o governo assume o papel de impor regulamentos para evitar todos os perigos que possam causar dor, penalizando eventuais acidentes que possam ocorrer com multas e processos judiciais. Tudo é equiparado à existência branda de vidas reguladas pela mediocridade.

A mentalidade socialista leva à adoração da segurança numa sociedade controlada por vigilância e restrições. A segurança, embora necessária, torna-se obsessiva à medida que o governo se torna cada vez mais intrusivo em nome da segurança pública.       

De facto, se a vida biológica é a única coisa que existe, então este ódio pelo risco, embora repugnante, é coerente. Todo o acto de heroísmo deve ser desencorajado e toda a audácia suprimida. Não deve haver causas transcendentes que valham mais do que a própria vida biológica. Esta visão sombria de uma sociedade inteiramente segura despoja a vida dos nobres princípios e dos sacrifícios desinteressados.      

Apego à vida terrena

O último erro assinala a incompatibilidade da mentalidade socialista com o cristianismo, uma vez que constitui uma ligação egocêntrica à vida terrena. A mentalidade socialista gera tanto o peso como o vazio de uma existência que nega a alma e a sua santificação.

Se não há nada para além da nossa vida terrena, então o nosso único objectivo deve ser o de prolongá-la o mais possível. Se não há valores maiores que a própria vida, então viver sem sofrimento é o seu próprio fim. A partir daí, tornamo-nos livres de abandonar o nosso domínio sobre a vida quando o considerarmos oportuno. Podemos, então, abandonar-nos a nós próprios para entrar naquele grande vazio imaginado por aqueles que não acreditam em Deus.          

Efectivamente, a mentalidade socialista contradiz a visão cristã do mundo e forja uma sociedade contrária a ela. Não pode haver um Deus omnipotente que tenha criado desigualdades proporcionais na sua criação. Não pode haver uma natureza caída com a qual a humanidade tenha trazido sofrimento, dor, risco e morte sobre si mesma. Não há necessidade de redenção fora da revolução socialista que derruba todas as desigualdades. Todos os conceitos cristãos são rejeitados e suprimidos no secularismo estéril da sociedade socialista. Esta mentalidade é o que torna o socialismo tão mau. O socialismo que está a destruir a nossa nação, os Estados Unidos.

Em vez disso, subscrevo uma outra mentalidade que considera o corpo e a alma. Acredito nas verdades transcendentes e numa moral objectiva que deveria guiar todos os aspectos da nossa vida quotidiana. Celebro o Natal, regozijando-me com o seu papel sublime e transcendente na redenção da humanidade. Estou disposto a suportar a dor e o sofrimento que me aproximarão mais da minha santificação. Gosto do risco de me colocar ao serviço do bem. Creio na existência de valores que são maiores do que a própria vida e pelos quais se deve estar disposto a morrer. Adoro a Deus, que ofereceu a Sua vida por mim, e desejo servi-Lo. E abomino o socialismo. Existe uma incompatibilidade fundamental de visão do mundo entre nós que não pode ser ultrapassada.       

John Horvat II


Fonte: Dies Irae

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