Celebramos hoje a Epifania do Senhor. A palavra epifania pode traduzir-se como manifestação, desvelamento, revelação. Trata-se da Revelação do Deus humanado aos gentios (pagãos), representados pelos Magos, que tinha sido profetizado pelo Profeta Isaías (Is. 60) e pelo Salmo 72. Os Magos eram filósofos, sábios, astrónomos e astrólogos, podendo alguns deles serem reis (como Salomão).
Naquele tempo havia uma expectativa generalizada em todos os povos que nasceria um rei na Judeia. Vendo os Magos[1] aquela estrela absolutamente singular, misteriosa, seguem-na, como investigadores da Criação, na esperança de encontrarem o Rei judeu recém-nascido. A estrela, pela descrição de S. Mateus, mais parece uma realidade sobrenatural, um Anjo, certamente muito luminoso, do que propriamente um simples astro - não poucos Padres da Igreja assim pensavam (A Sagrada Escritura com alguma frequência refere os Anjos como estrelas e as estrelas como Anjos - metáforas a que é preciso tomar atenção). No entanto, somente depois de em Jerusalém consultarem os sumos sacerdotes e os escribas do povo sobre as profecias constantes nas Sagradas Escrituras é que ficam a saber o que lhes faltava - a Revelação Natural (Criação) e a Revelação Sobrenatural (A Bíblia) não se contradizem, mas completam-se.
Saídos de Jerusalém veem de novo a estrela (o desaparecimento da estrela quando chegaram a Jerusalém pode significar diversas coisas, por exemplo: 1- a infestação da cidade prenhe de corrupção e pecado, etc.; 2- ou entregar os Magos à pura Fé na Palavra de Deus) que os guia pontualmente até à casa onde estavam a Virgem Santa Maria e o Menino Jesus.
Aí chegados os Magos prostram-se por terra num gesto de adoração devido somente a Deus, e oferecem ao Rei recém-nascido ouro, em reconhecimento da Sua Realeza, incenso confessando a Sua Divindade, e mirra pela Sua humanidade mortal.
Estes dons oferecidos à Cabeça derramam-se sobre o Seu Corpo Místico que nós somos porque n’Ele incorporados pelo Baptismo. E é isto que faz de nós um povo de reis, sacerdotes e profetas. A mirra era um óleo que não se prestava somente ao cuidado dos cadáveres, mas que podia servir de unção aos profetas. O incenso era usado no Templo para significar as orações ao Altíssimo. E o ouro era o adorno dos reis.
Padre Nuno Serras Pereira
[1] Estudos recentes sugerem que os magos eram nabateus, um território além Jordão até Babilónia. Mais ou menos onde se situa hoje a Jordânia.
Fonte: Senza Pagare
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