Os debates políticos correspondem nos dias de hoje, aos circos romanos de outros tempos. Há divertimento, insultos e sangue, embora as espadas, redes e tridentes tenham sido substituídos por euros. Mas há sempre frases que se retêm pelo curioso que comportam.
“Estamos de acordo, temos que combater a agropecuária”, disse a madeixada coordenadora, acérrima defensora das hortas sociais nas cidades, ou “o nosso programa (político) tem densidade”, palavras magníficas do representante do partido dos ‘jogadores de monopólio’ orgulhando-se de um “romance” de 500 páginas que espremido pouco mais vale do que um panfleto de frente e verso, tal é a profusão de ‘custo-benefício ‘ e belas páginas coloridas sem uma única palavra.
Contudo, é o candidato do governo que sobressai e nem tanto pelas novas versões de velhos provérbios como “gato escaldado, tem medo”, ou tiradas como “nós acabamos com o congelamento das progressões e com o descongelamento das progressões”, mas por definições que neste sistema poderão supor alguma suspeita e que porventura assumirão aquilo que são, numa sociedade e numa classe política que idolatra o vil metal.
“A liberdade não é uma coisa abstracta, depende das condições de cada um”.
(António Costa)
Se a definição liberal de liberdade corresponderá ao livre agir do homem, tendo como limite a própria liberdade, o que torna o homem num projéctil desagregado da sociedade, que órbita à sua volta e contraria a visão da Tradição pela qual, a liberdade só existe quando o homem caminha para a Verdade, sendo cada vez mais livre quanto mais próximo dela estiver, a definição do Sr António Costa seria uma visão marxista, não fosse o espantoso contexto em que foi proferida.
Se Marx defende que a liberdade só é encontrada pelo indivíduo na produção das suas próprias condições de existência, sendo dela privado quando essas condições são propriedade privada de outro indivíduo, o Sr Costa junta-lhe um senão, a propósito dos mais endinheirados poderem optar por clínicas privadas, em vez do serviço público de saúde : - o dinheiro.
Assim, se para Marx o simples facto de alguém trabalhar para outrem, torna-o um escravo, o Sr Costa acha que se é tanto mais livre, quanto mais dinheiro se possuir. Por isso quando aumenta o salário mínimo, ele não está a dar mais dinheiro, está a distribuir pontos de liberdade bruta, porque depois há uma taxa, ou um imposto que, para desagrado do pobre indivíduo, a ajusta para uma liberdade líquida.
Estas definições não causam estranheza, quando a ideologia do socialismo democrático, defensora de todos os direitos possíveis e imaginários, também vai avisando que todos eles são relativos, para justificar alguns tipos de suicídio, ou até de homicídio como o aborto.
O que o pensamento do Sr Costa não consegue explicar, na sua dramática frase, são os extremos, ou porque alguém numa humilde pobreza, como São Francisco de Assis se sentia bem mais livre, do que o escrutinado e rico Bill Gates.
Na verdade, as definições do Sr Costa, aproximam-no mais da imagem do “todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que outros”, do que ele pensa. Isto, como é óbvio se pensar.
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