quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

A História do Bolo-Rei

 



O Bolo-Rei é um legado dos romanos. Inicialmente, continuou somente em França onde tem duas formas de confecção: no Norte é em massa folhada e, no Sul, o Galette des Rois, um brioche recheado com frutas caramelizadas, tal como o Bolo-Rei português que por isso deriva do segundo. Foi precisamente das suas viagens por França, que Baltazar Castanheiro II, filho do fundador da Confeitaria Nacional, trouxe a receita do Bolo-Rei, mais precisamente de Toulouse.

Mas claro, é mérito da Confeitaria Nacional e do seu empreendedor de confeitaria pegar numa receita do bolo francês e convertê-la no icónico e típico doce português: o bolo redondo, em forma de coroa, com frutos secos e cristalizados e polvilhado com açúcar. O Bolo-Rei logo se tornou um sucesso, e a Confeitaria Nacional foi nomeada, por El-Rei D. Luís I, fornecedora oficial da Casa Real. Depois até se generalizar, dada a qualidade do produto, foi um ápice.

O Bolo-Rei, assim chamado por causa da forma de Coroa, não mais abandonaria as mesas nacionais, sobretudo na época Natalícia.

Já na república velha, aquela instaurada por intermédio de um processo revolucionário, que durou entre 1910 e 1926, Afonso Costa e Bernardino Machado mudaram o nome do Bolo-Rei para Bolo-presidente, mas os portugueses não engoliram… nem a imposição, nem a nomenclatura nascida daquelas mentes intransigentes; e a designação Bolo-Rei prevaleceria ad eternum.

Se o bacalhau é o fiel amigo, o Bolo-Rei é o Real Amigo e sempre permanecerá: inventem quantos pastelinhos quiserem e nomeiem-nos de ‘presidentes’ – como em Cebolais de Cima (história verídica) -, de ministros, de edis, de vereadores, mas o Real pastel perdurará sempre entronizado nos nossos corações e palato como Bolo-Rei.

Em Espanha existe um bolo parecido, o Róncon dos Reyes, e, no Sul dos EUA o Epiphany Cake, mas em nada comparáveis com o fantástico Bolo-Rei português.

Miguel Villas-Boas

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