terça-feira, 20 de abril de 2021

NÃO DERRETAM OS ESCUDOS!

 


Em 11/11/2011, o jornal “SOL” publicou, na pág. 13, um artigo intitulado “MOEDAS DE ESCUDO VÃO SER DERRETIDAS – Toneladas de moedas aguardavam destino há anos. Liga metálica ainda vale dinheiro”.

Apetece-me gritar: “POR AMOR DE DEUS, NÃO FAÇAM ISTO!”
Alguém teve o bom senso de guardar as moedas e de as colocar sob protecção militar.

Havendo uma necessidade repentina, podem ser recolocados em circulação, em dias. Como aliás também se guardaram as guaritas dos postos fronteiriços, permitindo o fechar das fronteiras num espaço de 24 horas.

Se o escudo for reintroduzido, estas moedas podem satisfazer as necessidades imediatas até se criarem novos cunhos. A emissão do dinheiro-papel é fácil. Basta ter chapas bem guardadas e colocar as impressoras a trabalhar. No caso das moedas é mais complicado. O seu fabrico é mais caro e exige mais tempo. Em momentos de aflição, temos de nos socorrer de uma das nossas melhores armas, o sistema do “desenrascanço”.

Não ter derretido as moedas permite esta possibilidade. Decidir derreter agora é pior do que insensato; até parece uma birra ou má vontade para com o próprio passado.

A substituição das moedas nacionais pelo Euro foi um dos maiores roubos da história da humanidade e devia ser tratado como caso de polícia. Os portugueses não tiveram voto na matéria. Nunca houve um referendo neste sentido. O mesmo aconteceu em muitas outras nações; o que não anula o crime.

A destruição das moedas nacionais faz lembrar as ordens quinhentistas de conquistadores, que mandaram queimar as embarcações, para ninguém poder voltar para trás.

No caso das moedas retiradas de circulação, até fabricaram máquinas para a destruição das mesmas. Custavam 5.500 contos cada uma. Estava “previsto” Portugal adquirir uma dúzia delas. Porém, houve quem se opusesse. Portugal não as comprou! As outras nações europeias, que se deixaram levar na onda da globalização, adquiriram estas máquinas e destruíram as suas moedas. Como sobraram máquinas (não estava previsto Portugal não as comprar), chegou-se a oferecer seis delas, a título gratuito, ao nosso país. Nunca foram aceites, nem levantadas. As moedas ficaram!

Falar agora no valor metálico é um absurdo. Não estão a ver que todas estas moedas são documentos históricos de uma época, quando Portugal ainda era Portugal, uma nação soberana e independente? Tratou-se da 6ª moeda mais forte do mundo, que chegou a ter cobertura em ouro. Para onde foram as 866 toneladas de ouro, de cobertura em ouro para a moeda nacional, deixadas pelo Estado Novo?

O escudo não é apenas uma grande moeda de prata, criada pela República, em substituição da de mil reis. O escudo surgiu como moeda de ouro no fim da Idade Média, quando se criaram moedas de escudo e de meio escudo. D. Afonso V chegou a mandar cunhar o escudo em ouro, após a batalha de Toro e D. João III mandou cunhar o escudo em ouro, dedicando toda a Ásia ao apóstolo São Tomé. O escudo foi nosso protector, em ambos os sentidos da palavra. Tanto como arma defensiva, segurada na mão esquerda, enquanto a direita manejava a espada, como de moeda protectora do reino.

É interessante saber-se que a esmagadora maioria das moedas de ouro lusas quinhentistas (para não dizer mesmo a totalidade), não foi cunhada com ouro vindo da Ásia, mas com o ouro com o qual os comerciantes estrangeiros nos pagavam as especiarias arrematadas no Terreiro do Paço, que a partir daí passou a chamar-se Praça do Comércio. O nosso ouro nasceu como resultado do comércio. Não nos foi oferecido, nem nunca surgiu como empréstimo ou venda disfarçada de soberania!
Nosso escudo foi respeitado, por meio milénio, em todo o mundo.

Nós devemos respeito ao nosso escudo.
No mínimo, devíamos expor grandes partes dessas moedas em expositores gigantes e explicar a sua história às futuras gerações.

Mandar derreter o Escudo seria um crime de lesa Pátria!

in "DO RAPTO DA EUROPA PELO FAMIGERADO EURO AO PAPEL DE PORTUGAL NO FUTURO", Rainer Daehnhardt

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