segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Paiva Couceiro Sobre o Regicídio

 


‘A crise pátria de que o crime de 1 de Fevereiro de 1908 foi uma convulsão selvática subsiste por resolver hoje ainda, e, dia a dia, temerosa e instante.
À “Monarquia sem monárquicos” sucedeu a “República sem republicanos”.
Porque destes, os melhores e mais sinceros e respeitáveis, recolhem à inactividade desenganada vendo que a Republica-facto foi a inversão escandalosa da Republica-ideal dos seus sonhos patrióticos.
Os “Erros que de longe vinham” dos tempos do liberalismo constitucional continuaram a funcionar, sob o predomínio turbulento de grupos políticos, em parte compostos por elementos oriundos da mesma derrubada Monarquia, persistindo o tripúdio das rivalidades personalistas e das ambições mesquinhas, sobre o corpo desgraçado dum País, a quem aqueles próprios que deveriam elevá-lo e servi-lo antes pelo contrário abatem no solo das perdições e vergonhas.
Agravada ainda a situação, porque às causas anteriores de ineficácia e instabilidade, veio somar-se a ausência de correctivo suprapartidário, de estabilização e ponderação que a Monarquia representava. Subindo ao poder em plena emancipação desregrada as oligarquias partidistas, e a sua causa revolucionaria.
Do mesmo poder se desencadearam portanto ventos de insânia, espalhando à toa sementes de perversidade, de egoísmo gozador, e da ganância desonesta. E à mistura, nas asas demolidoras do vendaval, arrastadas seguem, a moral das consciências, e o prestígio da Nação, as Finanças do Tesouro e as fontes particulares e públicas do Crédito e da riqueza.
É a devastação em marcha. É o desmoronamento em realidade efectiva. São em resumo os frutos da maldição surgindo, vermelhos e pútridos, das raízes que no crime se plantaram.
E o grande sacrificado por esse crime nefando de 1 de Fevereiro parece-me que estou a vê-lo lá nas regiões misteriosas onde o acolheu sem dúvida a Providência Divina criadora e suprema ordenadora dos homens e das sociedades. Inspirado ainda o seu espírito pela mesma paixão dos destinos Nacionais que o conduziu ao sacrifício no altar do Dever.’

Cmdt. Henrique de Paiva Couceiro | Reflexão de Circa 1918 do Herói Militar das Campanhas de África, Governador-Geral de Angola e um dos poucos militares que na Revolução republicana de 1910 se bateria, com denodo, pela defesa da Monarquia; Comandante Monárquico Organizador das incursões monárquicas de 5 de Outubro de 1911 e de 6 a 8 de Julho de 1912 e restaurador da Monarquia Constitucional a 19 de Janeiro de 1919 - sendo Regente do Reino em nome de S.M.F. El-Rei Dom Manuel II de Portugal -, no episódio conhecido como ‘Monarquia do Norte’; nas suas próprias palavras, em Outubro de 1911


Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

domingo, 30 de janeiro de 2022

A Data Mais Negra da Nossa História

 


‘A data de 1 de Fevereiro de 1908 é a mais negra de toda a nossa História. Sabe-se que o duplo regicídio de D. Carlos e do Príncipe Real seu filho não foi a obra individual de um facínora, de um niilista ou de um doido. Foi a tremenda execução de uma sentença friamente lavrada por um conluio revolucionário.
Alguns indivíduos aparentemente normais, serenos, senhores de si, tendo talvez um lar, tendo uma família, gozando amplamente a saúde, a liberdade, a alegria de viver, reúne-se em tertúlia política e por uma dissidência de partido resolvem por unanimidade matar um homem e uma criança.
(…) Do Rei que ele foi me permito consignar apenas que monstruosamente o assassinaram no preciso momento culminante em que, perante o abjecto rebaixamento dos costumes políticos do seu tempo, ele empreendia como Chefe do Estado a mais profunda, a mais decisiva obra de remodelação administrativa, de renovamento moral e de saneamento público de que jamais fora objecto, desde a sua origem até então, o corrompido e viciado regime constitucional.
Lucidamente cônscio de que nesse aventuroso lance arriscava talvez a coroa e a vida, ele não vacilou um instante, e encarando a morte caminhou firme e resolutamente para ela, amortalhado, como os heróis e os mártires, na resplandecente convicção do dever cumprido.’

Ramalho Ortigão | Artigo “El-Rei Dom Carlos I de Portugal” de 21 de Janeiro de 1913

sábado, 29 de janeiro de 2022

Faleceu o Coronel Comando Chung Su Sing, Condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª Classe

 


Chung Su Sing, Coronel Comando, condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª Classe, faleceu no passado dia 27 de Janeiro de 2022. O funeral irá realizar-se Sábado, dia 29 de Janeiro, às 14h15 na Igreja de São Tomás de Aquino (Laranjeiras, Lisboa), seguindo para o Cemitério dos Olivais onde será homenageado.

Chung Su Sing nasceu em Timor-Leste, filho de pais macaenses. Desempenhou em 1965 as funções de instrutor na EPI (Escola Prática de Infantaria) em Mafra. Como Tenente, comandou a 6.ª Companhia de Comandos, tendo entrado na Operação Nova Luz, nos Dembos, norte de Angola.

A excepcional bravura e capacidade de comando de homens em combate, valeu-lhe a condecoração com a Cruz de Guerra de 2º Classe. No louvor que originou a condecoração lia-se: “… o Capitão Chung ganhou por seus méritos, e frente ao inimigo, o direito de ser apontado entre aqueles que melhor honram e servem a Pátria“.

Uma das histórias mais conhecidas de Chung Su Sing entre militares, descreve que quando estava debaixo de fogo durante uma emboscada inimiga, era capaz de descarregar um carregador de G3, enquanto saltava de um Mercedes-Benz Unimog até chegar ao chão.

Sing foi, depois da sua participação na Guerra do Ultramar, assessor do Gabinete do Secretário-Adjunto para a Segurança e Gabinete do Governador em Macau, um dos fundadores do Grupo de Operações Especiais da PSP (GOE) e posteriormente em 1994 exerceu o cargo de Vice-Presidente da Direcção Nacional da Associação de Comandos.

O Primeiro-Ministro Timorense, Taur Matan Ruak, publicou na sua página de Facebook uma mensagem de condolências em referência ao Coronel Comando Chung Su Sing, que nasceu em Timor-Leste, filho de pais macaenses.

Até ao momento, nem o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nem o Governo Português, nem a comunicação social, emitiram qualquer nota sobre o falecimento do Comando Coronel condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª Classe por bravura em combate, e posteriormente um dos fundadores do Grupo de Operações Especiais da PSP (GOE).

Fonte: Notícias Viriato

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Combater a desinformação oficial

Vamos acabar de vez com o politicamente correcto e começar a interiorizar que estamos efectivamente em guerra pela sobrevivência física e civilizacional, sobretudo dos nossos filhos e netos. A vários níveis, não podendo haver contemplações ou perdão para com os criminosos – responsáveis e cúmplices – por acção ou omissão.

Não se negando a existência de um vírus (documentado nos cerca de 3200 emails de A. S. Faucci/NIAID, retirados de um processo judicial nos E.U.A., que comprovam o financiamento do “ganho de função” de um vírus inofensivo de morcego em Wuhan, transformado intencionalmente em arma biológica), importa salientar alguma documentação “oficial” importante que, por si, arrasa toda a desinformação de uma comunicação social prostituída, nesta matéria.

Antes de mais, que se saiba, a D.G.S. ainda não foi capaz, até hoje, de evidenciar a existência de qualquer documentação científica credível (peer-reviewed) que demonstre que o vírus SARS-CoV-2 foi isolado, apesar de instada a fazê-lo já no Proc. 1783/20.7T8PDL.L1-3, em 2020.

O suporte de toda esta fraude mundial, desde fins de 2019, têm sido os testes PCR, que produziram uma “pandemia”, essencialmente, de falsos positivos (com a ajuda da OMS, que alterou convenientemente, mais uma vez, a definição de “pandemia”, de modo a que esta epidemia tivesse um tratamento prioritário por parte dos diversos países a nível mundial).

Isto foi demonstrado em 11/11/2020, na conclusão do Proc. 1783/20.7T8PDL.L1-3, no T.R.L., Transitado em Julgado (não será o único processo), e confirmado inequivocamente pelo C.D.C., no documento de 07/21/2021: “Lab Alert: Changes to CDC RT-PCR for SARS-CoV-2 Testing.

Resulta deste documento do C.D.C. que, desde 31/12/2021, foi revogada a autorização “provisória” destes testes inúteis, por não distinguirem um coronavírus de um qualquer vírus da gripe. Nem esses testes foram criados para isso, mas têm permitido manter o conveniente clima de terror nas populações, como convém a muitos aspirantes a ditadores. E isso, repito, é sabido desde 21/07/2021, data deste documento. Nem a E.M.A. nem a D.G.S. podem ignorar isto.

Apesar disto, o “governo”/D.G.S. continua, ainda hoje, a utilizar em larga escala estes testes nos hospitais e centros de testes públicos e, de forma criminosa, até em bebés, com manifesta utilização indevida de dinheiros públicos, para gáudio de quem os vende.

Sucede que só com testes o “governo”, pelas últimas “estimativas”, já estoirou mais de 1.300 milhões de euros dos nossos impostos. Que alguém meteu – e continua a meter – ao bolso à custa dos contribuintes.

Os pseudo-auto-testes é o que se vê no artigo do JN de 07/01/2022 “Irlanda e Alemanha desaconselham autotestes que também são vendidos em Portugal” (mas cá, continuam a ser vendidos), e, nos restantes, o frio aumenta muito o risco de falsos positivos, conforme artigo no JN de 21/12/2021 “Especialista alerta que frio aumenta o risco de falsos positivos em autotestes“.

Quanto aos antigénio, que também dependem fortemente da temperatura ambiente, segundo o artigo da revista Sábado com o título: ”Testes de antigénio são mais rápidos, mas levam a mais ‘falsos positivos”, ainda serão piores.

É com base nisto que cá e em muitos outros países se vão mantendo os “infectados” em números estratosféricos, para justificar todas as medidas ditatoriais inconstitucionais, criminosas e, paulatinamente, se irem subtraindo direitos (e rendimentos) aos cidadãos, ao mesmo tempo que se cria um clima de medo e intimidação para forçar as pessoas a injectarem-se com uma substância experimental, sem o obrigatório consentimento informado, em violação da ética, da Lei, da C.R.P., da Carta dos Direitos Fundamentais da U.E., do Código de Nuremberga, da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, entre outros.

Ainda mais grave, com as crianças, é o que se pode ler no artigo do PÁGINA UM de 12/12/2021:

O cenário mais favorável da eficácia do programa vacinal proposto pela Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 (CTVC) empola o número previsível de infecções, de modo a maximizar os benefícios absolutos da vacina nas crianças. Na verdade, se a actividade viral for baixa durante o próximo Inverno, a “cura” pode vir a ser pior do que a doença para os mais novos. O PÁGINA UM analisou com detalhe o parecer da CTVC, que admite que os riscos a longo prazo das vacinas para crianças não são conhecidos, e utiliza apenas estudos, incidindo em adolescentes, que nem sequer estão publicados ou revistos por cientistas independentes. A CTVC também não garante que o programa de vacinação das crianças salvará qualquer vida. Neste caso, por uma razão simples: mesmo sem vacinação, até agora nenhuma criança morreu por causa da covid-19”.

Se dúvidas houvesse sobre a cultura do medo instalado, basta ver “O papel das emoções em campanhas de promoção de comportamentos de saúde“, execrável cartilha doutrinária da D.G.S./ Task Force, em particular a página 5, epítome do “evangelho segundo São Costa, Santa Temido, Santa Freitas e Santo Avô Compotas”, entre outros apóstolos da saúde a soldo das farmacêuticas.

Elucidativo. Esteve disponível neste endereço, mas foi “removido” do site da D.G.S. quando começou a dar bronca nas redes sociais mas, atempadamente, foram retiradas cópias.

Não. Não vão esconder a agenda!

Luís Vila, Engenheiro

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Aproveite os momentos wook!

 

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Dilecta Mea – A propósito da Santa Missa Apostólica

 


É notória a contínua defesa da Liturgia Tradicional da Igreja Católica que o Arcebispo Carlo Maria Viganò, antigo Núncio Apostólico nos Estados Unidos da América, tem vindo a fazer nas suas diversas intervenções. Com data de 2 de Janeiro, o Prelado escreveu um tocante testemunho sobre a Santa Missa tradicional e, em particular, acerca da graça que recebeu de redescobrir, cinco décadas depois da sua ordenação sacerdotal, este tesouro de Deus à Sua Igreja. O portal Dies Iræ divulga, em exclusivo para língua portuguesa, o escrito do Arcebispo Viganò.


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2 de Janeiro de 2022
Sanctissimi Nominis JESU


Vós, que vos permitis proibir a Missa Apostólica, alguma vez a celebrastes? Vós que, do alto das vossas cátedras de liturgia, pronunciais juízos perspicazes sobre a “Missa antiga”, alguma vez meditastes nas suas orações, nos seus ritos, nos seus gestos antigos e sagrados? Fiz-me esta pergunta várias vezes nos últimos anos: porque eu próprio, que conheço esta Missa desde criança; que, quando ainda usava calções, tinha aprendido a servi-la e a responder ao celebrante, quase a tinha esquecido e perdido. Introibo ad altare Dei. Ajoelhado nos gélidos degraus do altar, antes de ir para a escola, no Inverno. A suar debaixo da veste de acólito na canícula de certos dias de Verão. Tinha esquecido essa Missa, que foi também a da minha Ordenação a 24 de Março de 1968: uma época em que já se percebiam os sinais da revolução que, em breve, privaria a Igreja do seu tesouro mais precioso para impor um rito contrafeito.      

Pois bem, aquela Missa que a reforma conciliar cancelou e proibiu nos meus primeiros anos de Sacerdócio, permanecia como uma remota recordação, como o sorriso de uma pessoa querida que está longe, o olhar de um parente desaparecido, o som de um domingo com os seus sinos, as suas vozes amigas. Mas era algo sobre nostalgia, sobre juventude, sobre o entusiasmo de uma época em que os compromissos eclesiásticos ainda estavam para vir, quando todos nós queríamos acreditar que o mundo poderia erguer-se do pós-guerra e da ameaça do Comunismo com um renovado ímpeto espiritual. Queríamos acreditar que a prosperidade económica poderia, de alguma forma, ser acompanhada por um renascimento moral e religioso do País. Apesar da revolução de 1968, as ocupações, o terrorismo, as Brigadas Vermelhas, a crise do Médio Oriente. Assim, entre os mil compromissos eclesiásticos e diplomáticos, cristalizou-se na minha memória a recordação de algo que, de facto, permanecia por resolver, colocado “momentaneamente” de lado durante décadas. Algo que esperava pacientemente, com a indulgência que só Deus usa a nosso respeito.       

A minha decisão de denunciar os escândalos dos Prelados americanos e da Cúria Romana foi a ocasião que me levou a reconsiderar, sob uma luz diferente, não só o meu papel como Arcebispo e Núncio Apostólico, mas também a alma daquele Sacerdócio que o serviço no Vaticano, primeiro, e, depois, nos Estados Unidos tinha, de alguma forma, deixado incompleto: mais pelo meu ser sacerdote do que pelo Ministério. E o que não tinha compreendido até então tornou-se claro para mim através de uma circunstância aparentemente inesperada, quando a minha segurança pessoal parecia estar em perigo e me vi, contra a minha vontade, a ter de viver quase na clandestinidade, longe dos edifícios da Cúria. Foi então que essa abençoada segregação, que hoje considero como uma espécie de escolha monástica, me levou a redescobrir a Santa Missa Tridentina. Recordo bem o dia em que, em vez da casula, usei os paramentos tradicionais, com o cappino ambrosiano e o manípulo: recordo o temor que senti quando, após quase cinquenta anos, pronunciei aquelas orações do Missal que ressurgiam na minha boca como se as tivesse recitado até há pouco tempo antes. Confitemini Domino, quoniam bonus, em vez do Salmo Judica me, Deus do rito romano. Munda cor meum ac labia mea. Aquelas palavras já não eram as do acólito ou do jovem seminarista, mas as palavras do celebrante, de mim que, novamente, ousarei dizer pela primeira vez, estava a celebrar perante a Santíssima Trindade. É verdade que o Sacerdote é uma pessoa que vive essencialmente para os outros – para Deus e para o próximo –, mas também é verdade que se não tem consciência da sua própria identidade e não cultiva a sua própria santidade, o seu apostolado é tão estéril como o címbalo que tilinta.          

Estou bem ciente de que estas reflexões podem deixar impassíveis, se não até mesmo suscitar comiseração, aqueles que nunca tiveram a graça de celebrar a Missa de sempre. Mas o mesmo acontece, imagino, com aqueles que nunca estiveram apaixonados e que não compreendem o entusiasmo e o casto arrebatamento do amado para a sua amada, com aqueles que não conhecem a alegria de se perderem nos seus olhos. O pardo liturgista romano, o Prelado com o seu clergyman à medida e a cruz peitoral no bolso, o consultor da Congregação com a última cópia de Concilium ou de Civiltà Cattolica à vista de todos, olham para a Missa de São Pio V com os olhos do entomólogo (a ciência que estuda os insectos), examinando aquela perícope como um naturalista observa as veias de uma folha ou as asas de uma borboleta. Ou melhor, por vezes pergunto-me se não o fazem com a frieza do patologista que corta com o bisturi um corpo vivo. Mas se um sacerdote com um mínimo de vida interior se aproxima da Missa antiga, independentemente de já a ter conhecido ou de a estar a descobrir pela primeira vez, fica profundamente comovido pela composta majestade do rito, como se saísse do tempo e entrasse na eternidade de Deus.       

O que eu gostaria que os meus Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio compreendessem é que essa Missa é intrinsecamente divina, porque se percebe o sagrado de uma forma visceral: é-se literalmente arrebatado até ao Céu, na presença da Santíssima Trindade e da Corte Celeste, longe do estrépito do mundo. É um canto de amor, em que a repetição dos sinais, das reverências e das palavras sagradas não tem nada de inútil, tal como a mãe nunca se cansa de beijar o seu filho, a esposa de repetir “amo-te” ao esposo. Esquece-se tudo, porque tudo o que nela se diz e canta é eterno, todos os gestos que se fazem são perenes, fora da história, e, no entanto, imersos num continuum que une o Cenáculo, o Calvário e o altar sobre o qual se celebra. O celebrante não se dirige à assembleia, com a preocupação de ser compreensível ou de se tornar agradável ou de aparecer à la page, mas a Deus: e, perante Deus, só existe o sentimento de infinita gratidão pelo privilégio de poder levar consigo as orações do povo cristão, as alegrias e as dores de tantas almas, os pecados e as faltas daqueles que imploram perdão e misericórdia, a gratidão pelas graças recebidas, os sufrágios pelos nossos caros defuntos. Estamos sós e, ao mesmo tempo, sentimo-nos intimamente unidos a uma interminável multidão de almas que atravessa o tempo e o espaço.   

Quando celebro a Missa Apostólica, penso que naquele mesmo altar, consagrado com as relíquias dos Mártires, celebraram tantos Santos e milhares de sacerdotes, usando as mesmas palavras que eu, repetindo os mesmos gestos, fazendo as mesmas inclinações e as mesmas genuflexões, usando os mesmos paramentos. Mas, acima de tudo, comungando o mesmo Corpo e Sangue de Nosso Senhor, ao Qual todos fomos assimilados na oferta do Santo Sacrifício. Quando celebro a Missa de sempre, dou-me conta, da forma mais sublime e completa, do verdadeiro significado do que a doutrina nos ensina. O agir in persona Christi não é uma repetição mecânica de uma fórmula, mas a consciência de que a minha boca profere as mesmas palavras que o Salvador pronunciou sobre o pão e sobre o vinho no Cenáculo; que, enquanto elevo ao Pai a Hóstia e o Cálice, repito a imolação que Cristo fez de Si mesmo na Cruz; que, ao comungar, consumo a Vítima sacrificial e me nutro de Deus, e não estou a participar num banquete. E comigo está toda a Igreja: a triunfante que se digna unir à minha oração suplicante, a purgante que a espera para abreviar a permanência das almas no Purgatório, a militante que se fortalece na batalha espiritual diária. Mas se, de facto, como professamos com fé, a nossa boca é a boca de Cristo, se, de facto, as nossas palavras na Consagração são as de Cristo, se as mãos com que tocamos a Hóstia santa e o Cálice são as mãos de Cristo, que respeito devemos ter pelo nosso corpo, conservando-o puro e incontaminado? Que melhor incentivo para permanecer na Graça de Deus? Mundamini, qui fertis vasa Domini. E com as palavras do Missal: Aufer a nobis, quæsumus, Domine, iniquitates nostras: ut ad sancta sanctorum puris mereamur mentibus introire.   

O teólogo dir-me-á que esta é doutrina comum e que a Missa é exactamente isto, independentemente do rito. Não o nego, racionalmente. Mas embora a celebração da Missa Tridentina seja um constante apelo a uma continuidade ininterrupta da obra da Redenção coberta de Santos e Beatos, o mesmo não me parece acontecer com o rito reformado. Se olho para a mesa versus populum, vejo ali o altar luterano ou a mesa protestante; se leio as palavras de Instituição em forma de narração da Última Ceia, sinto ali as mudanças do Common Book of Prayer, de Cranmer, e o serviço de Calvino; se folheio o calendário reformado, encontro ali expurgados os próprios santos que exterminaram os hereges da Pseudo-Reforma. E assim para os cânticos, que horrorizariam um católico inglês ou alemão: ouvir debaixo das abóbadas de uma igreja os coros daqueles que martirizavam os nossos sacerdotes e espezinhavam o Santíssimo Sacramento, desprezando a “superstição papista”, deveria fazer-nos compreender o abismo entre a Missa católica e a sua contrafacção conciliar. Sem falar da língua: os primeiros a abolir o latim foram os próprios hereges, em nome de uma maior compreensão dos ritos para o povo; um povo que enganavam, contestando a Verdade revelada e propagando o erro. Tudo é profano no Novus Ordo. Tudo é momentâneo, tudo acidental, tudo contingente, variável, mutável. Não há nada de eterno, porque a eternidade é imutável, como imutável é a Fé. Como imutável é Deus.           

Há um outro aspecto da Santa Missa tradicional que gostaria de salientar e que nos une aos Santos e aos Mártires do passado. Desde o tempo das catacumbas e até às últimas perseguições, onde quer que um sacerdote celebre o Santo Sacrifício, mesmo num sótão ou numa adega, no mato, num celeiro ou mesmo numa carrinha, ele está misticamente em comunhão com aquela multidão de testemunhas heróicas da Fé e naquele altar improvisado pousa-se o olhar da Santíssima Trindade, diante desse genuflectem em adoração todas as multidões angélicas e para ele olham as almas purgantes. Também nisto, sobretudo nisto, cada um de nós compreende como a Tradição cria um laço indissolúvel através dos séculos, não só na ciosa guarda desse tesouro, mas também no enfrentar as provações que isso implica, até mesmo a morte. Perante este pensamento, a arrogância do presente tirano, com os seus delirantes decretos, deve fortalecer-nos na fidelidade a Cristo e fazer-nos sentir parte integrante da Igreja de todos os tempos, porque não se pode ganhar a palma da vitória se não se estiver pronto para combater o bonum certamen.  

Gostaria que os meus Irmãos ousassem o impensável: gostaria que se aproximassem da Santa Missa Tridentina não para se comprazerem com a renda de uma alva ou o bordado de uma casula, ou por uma mera convicção racional sobre a sua legitimidade canónica ou sobre o facto de nunca ter sido abolida; mas com o temor reverencial com que Moisés se aproximou da sarça ardente: sabendo que cada um de nós, ao descermos do altar depois do último Evangelho, está, de alguma forma, transfigurado interiormente, porque ali encontramos o Santo dos Santos. É só ali, sobre aquele místico Sinai, que podemos compreender a própria essência do nosso Sacerdócio, que é doação de si mesmo a Deus, antes de mais; oblação de si mesmo, juntamente com Cristo Vítima, para a maior glória de Deus e a salvação das almas; sacrifício espiritual que retira força e vigor da Missa; renúncia de si, para dar lugar ao Sumo Sacerdote; sinal de verdadeira humildade, na aniquilação da própria vontade e no abandono à vontade do Pai, seguindo o exemplo do Senhor; gesto de autêntica “comunhão” com os Santos, na partilha da mesma profissão de Fé e do mesmo rito. E eu gostaria que esta “experiência” não fosse apenas para aqueles que celebram o Novus Ordo há décadas, mas especialmente para os jovens sacerdotes e para aqueles que desempenham o seu Ministério na linha da frente: a Missa de São Pio V é para espíritos indómitos, para almas generosas e heróicas, para corações ardentes de Caridade por Deus e pelo próximo.         

Sei-o bem: a vida dos sacerdotes de hoje é feita de mil provações, de stress, do sentimento de estarem sozinhos a combater contra o mundo, do desinteresse e do ostracismo dos Superiores, de um lento desgaste que distrai do recolhimento, da vida interior, do crescimento espiritual. E sei muito bem que este sentimento de cerco, de se encontrar como um marinheiro sozinho a ter de governar um navio em tempestade, não é apanágio dos tradicionalistas nem dos progressistas, mas é o destino comum de todos aqueles que ofereceram as suas vidas ao Senhor e à Igreja, cada um com as suas misérias, com os problemas económicos, as incompreensões com o Bispo, as críticas dos irmãos, os pedidos dos fiéis. E aquelas horas de solidão, em que a presença de Deus e a companhia da Virgem parecem desaparecer, como na noite escura de São João da Cruz. Quare me repulisti? Et quare tristis incedo, dum affligit me inimicus? Quando o Demónio serpenteia maliciosamente através da Internet e da televisão, quærens quem devoret, aproveitando-se traiçoeiramente do nosso cansaço. Nesses casos, que todos enfrentamos como Nosso Senhor no Getsémani, é o nosso Sacerdócio que Satanás quer atacar, apresentando-se persuasivamente como Salomé perante Herodes, pedindo-nos como presente a cabeça do Baptista. Ab homine iniquo, et doloso erue me. Na provação, somos todos iguais: porque a vitória que o Inimigo quer trazer de volta não é apenas sobre as nossas pobres almas de baptizados, mas sobre Cristo Sacerdote, do Qual trazemos a Unção.   

Por esta razão, hoje mais do que nunca, a Santa Missa Tridentina é a única âncora de salvação do Sacerdócio Católico, porque nela o sacerdote renasce, todos os dias, naquele tempo privilegiado de íntima união com a Santíssima Trindade e dela retira as graças indispensáveis para não cair no pecado, para progredir no caminho da santidade, para reencontrar o são equilíbrio com que enfrentar o Ministério. Acreditar que tudo isto pode ser descartado como uma mera questão cerimonial ou estética significa não ter compreendido nada da própria Vocação. Porque a Santa Missa “de sempre” – e é-o realmente, como desde sempre é hostilizada pelo Adversário – não é uma amante complacente que se oferece a qualquer um, mas uma esposa ciumenta e casta, como ciumento é o Senhor.   

Quereis agradar a Deus ou àqueles que vos afastam d’Ele? A questão, no fundo, é sempre esta: a escolha entre o suave jugo de Cristo e as correntes da escravidão do adversário. A resposta tornar-se-á clara para vós quando também vós, maravilhados com este incomensurável tesouro que vos foi escondido, descobrirdes o que significa celebrar o Santo Sacrifício não como patéticos “presidentes da assembleia”, mas como «servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus» (1 Cor 4, 1).              

Pegai no Missal, pedi ajuda a um sacerdote amigo e subi ao monte da Transfiguração: Emitte lucem tuam et veritatem tuam: ipsa me deduxerunt, et adduxerunt in montem sanctum tuum, et in tabernacula tua. Como Pedro, Tiago e João, exclamareis: Domine, bonum est nos hic esse, «Senhor, é bom estarmos aqui» (Mt 17, 4). Ou, com as palavras do Salmista que o celebrante repete no Ofertório: Domine, dilexi decorem domus tuæ, et locum habitationis gloriæ tuæ.         

Quando o tiverdes descoberto, ninguém vos poderá tirar aquilo pelo qual o Senhor já não vos chama servos, mas amigos (Jo 15, 15). Ninguém será capaz de vos convencer a renunciar, forçando-vos a contentar-vos com a sua adulteração provocada por mentes rebeldes. Eratis enim aliquando tenebræ: nunc enim lux in Domino. Ut filii lucis ambulate. «É que outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz» (Ef 5, 8). Propter quod dicit: Surge qui dormis, et exsurge a mortuis, et illuminabit te Christus. «Por isso se diz: “Desperta, tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo brilhará sobre ti”» (Ef 5, 14).           

 Carlo Maria Viganò, Arcebispo

Fonte: Dies Iræ

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Cartão Vermelho para Costa, Centeno e Ramalho

manutenção da administração do Novo Banco, presidida por António Ramalho, só se explica pela vontade de António Costa. O Novo Banco está intervencionado pelo Estado e a sua administração depende do Fundo de Resolução (a qual é nomeada pelo Governo e Banco de Portugal). Por sua vez, o governador e administradores do Banco de Portugal são escolhidos pelo Governo.

O Fundo de Resolução é presidido, desde 2017, por Luís Augusto Máximo dos Santos, que acumula com o cargo de administrador do Banco de Portugal. De 2013 a 2017, o Fundo de Resolução foi presidido por José Joaquim Berberan e Santos Ramalho.

As escutas telefónicas no processo Cartão Vermelho, a Luís Filipe Vieira, José António dos Santos, outros responsáveis do Benfica e empresários de futebol com negócios com o clube da Luz, evidenciam uma promiscuidade da direção do Novo Banco com benesses absurdas no perdão de dívidas e na concessão de crédito ao presidente da agremiação desportiva. O mesmo se deve dizer da administração do Fundo de Resolução bancário, e agora até do Banco de Portugal, governado pelo ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, envolvido no caso dos bilhetes para jogos.

Luís Filipe Vieira tinha lesado o Banco Espírito Santo em centenas de milhões de euros, era um dos maiores devedores e estava na prática falido. Mas continuava a obter vantagens irracionais do Novo Banco e do Estado para os seus negócios.

Transparece das escutas captadas pela polícia, por indicação do Ministério Público e autorizadas por um juiz de instrução, que Ramalho e sua equipa no Novo Banco, prejudicaram, sem motivo atendível, a própria instituição e o Estado que aí comprometeu o seu capital.

A conjectura que não pode evitar-se é que uns e outros agiram com prejuízo do Novo Banco, dos seus funcionários e clientes, e da fazenda pública porque sabiam que o patrão António Costa queria a satisfação dos interesses do presidente do Benfica. O actual primeiro-ministro pertenceu à comissão de honra da recandidatura de Vieira e era frequentemente convidado para jogos no estádio.

A presença televisionada na tribuna do estádio da Luz durante os grandes jogos tem para António Costa (e Mário Centeno) um valor astronómico comparado com a defesa do tesouro público e o interesse do Estado.

O desenlace correcto desta tramóia deve ser o afastamento de António Costa do poder, a demissão da administração do Novo Banco, do Fundo de Resolução, do Governador e administradores do Banco de Portugal que os protegem, e a responsabilização judicial de todos os envolvidos.

António Balbino Caldeira

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

AS ELEIÇÕES...

 


- O Senhor é parvo!
- Parvo é o Senhor!
- Senhor? Senhor dos Passos;
- Passos? Paços do Concelho;
- Conselho de Ministros;
- Ministro da Guerra;
- Guerra Junqueiro;
- Junqueira, Alcântara;
- Alcântara, Mar;
- Mar, da China;
- China, Xangai;
- Chian Kai-Shek;
- Xeque-mate;
- Mate o Senhor;
- O Senhor é parvo!
- Parvo é o Senhor! (continua).

(autor desconhecido).

De quatro em quatro anos para as legislativas; de quatro em quatro anos para as autárquicas; de cinco em cinco anos para as presidenciais; de quatro em quatro anos para o inventado Parlamento Europeu (que não serve para nada) e, ainda, eleições intercalares, quando eventualmente o Presidente da República morrer ou resignar na função, ou o Governo cair ou, outrossim, o Parlamento for dissolvido, lá se tem de montar o “circo” das eleições. Pois de um espectáculo circense se trata, sem ofensa para quem é elemento daquela nobre Arte, que nem sequer é reconhecida como tal.

“Espectáculo” que nos custa os olhos da cara (em impostos e paciência), bem como custa ainda mais, depois, manter os órgãos eleitos (quando quase tudo está viciado), que supostamente, deveriam cumprir as funções clássicas do Estado, de proporcionar Segurança, Justiça e Bem-Estar (por esta ordem) a toda a Nação portuguesa, expressão aliás, caída em desuso. Melhor dizendo, saneada, o que diz muito sobre a situação actual.

Mas que, na prática, pelo menos nestes últimos quase 50 anos (será que é isto que irão comemorar no Jubileu de Abril?) apenas tem servido para cobrar (esbulhar) impostos; exercícios dialécticos e ideológicos para a procura de Poder (pelo Poder) e um frenesim de negociatas (que não negócios) para ver quem abocanha maior fatia de influência e do vil metal.

Daí que a corrupção se tenha desenvolvido que nem uma mancha de óleo que nada detém, espoletada por uma deliquescência galopante da Moral e da Ética.

Com o 25 de Novembro de 1975 inaugurou-se, a quinta vez, desde 1820, em que se tenta implantar este regime “soit dizant” liberal/democrático, o qual, sendo considerado por muitos - invocando a célebre (mas muito discutível) frase de Churchill, que considerava a “Democracia o pior regime político, depois de todos os outros”. O que só tem causado desgraças ao nosso País, tendo provocado, nestes últimos 200 anos, grande tumulto político e social; violência que baste; exercício da governação fora do quadro constitucional; três guerras civis (e outras ficaram à porta); assassinatos de governantes; perdas dolorosas de território e populações; limitações graves à soberania e bancarrotas frequentes.1

1 Divido as cinco épocas: de 1820 a 1834; de 1834 a 1851; de 1851 a 1908; de 1910 a 1926; de 1975 até hoje. Os períodos de 1908 a 1910; de 1926 a 1933 e 1974/5, considero algo parecido a um interregno.

Convinha pois, parar alguma vez para reflectir e tentar mudar o que se vai repetindo, o que apenas se conseguiu durante o chamado “Estado Novo”, o que também quase ninguém, hoje em dia, quer admitir, nem sequer analisar.

Esta quinta vez já vai longa por duas razões principais: vivemos de dinheiro alheio, e não do produto do nosso trabalho e saber, a maior parte do qual é virtual, pois não está baseado em qualquer riqueza ou economia real (é especulativo e “escritural”) - mas as contas hão-de ser ajustadas; e estamos metidos num colete - de - forças chamado União Europeia e respectivo “euro” - uma realidade que tem todos os condimentos para se desintegrar.

As causas do que digo (e falta de soluções credíveis) estão espelhadas em cada campanha eleitoral - hoje em dia muito condicionadas pelo factor mediático e do excesso de protagonismo que os seus profissionais têm na vida da sociedade (a importância dos profissionais da comunicação social e dos licenciados em Direito, têm uma proeminência muito desequilibrada no todo nacional, que deve ser corrigida com urgência.

“Ele” são arruadas; visitas a feiras e mercados; panfletos e cartazes, comícios (cada vez mais soporíferos) e o “assalto” a tudo o que são meios de comunicação social, sobretudo a televisão, e ultimamente as chamadas redes sociais.

Tudo é circo, onde impera a demagogia, a contra-informação, os ataques pessoais, discussões intermináveis sobre mudanças, promessas delirantes, o primado do acessório, etc. Resta faltar o pão…

Tudo isto é de tal modo gravoso, que passou só a interessar aos assanhados (ou interesseiros) membros dos Partidos Políticos e tem causado um tal asco na população que a maioria se abstém (mal) de participar seja no que for e também de ir votar.

Daí não haver pachorra para assistir aos debates televisivos (sempre a mudar de figurino) dos principais candidatos - excepção para a chusma de comentadores que, por dever do ofício têm de passar horas a perorar sobre o que cada um disse ou não disse e devia dizer. Enfim, dá algum dinheiro a ganhar a muita gente.

Por isso é até preferível estar numa bicha para ir a uma urgência do Serviço Nacional de Saúde do que ganhar coragem para assistir a um debate televisivo, mesmo sentado confortavelmente, sendo conveniente não dispor de objectos contundentes à mão, pois a tentação de os atirar contra a pantalha, é assaz recorrente.

De facto, seja em que figurino for, aquilo descamba sempre no mesmo, que é na subida dos decibéis; na agressão permanente; na falta de ideias claras e de fundo; no exercício dialéctico de passar a perna ao adversário, ou de o rasteirar pessoal ou politicamente. Num debate por norma moderado (coisa que raramente é conseguido) por um jornalista algo tendencioso e opinativo, que tenta marcar um conjunto de temas, a que cada candidato contorna para dizer o que lhe interessa, ou lhe sai boca fora. Tudo descambando no fim, na discussão patética de dois ou três temas menores que, por acaso, fazem as manchetes do momento.

A falta de foco, a dessintonia e a falta de coragem em pôr o dedo nas causas reais dos problemas que nos afligem, é total e, pelos vistos, universal.

O excerto de autor desconhecido, que encima o texto, é elucidativo da qualidade dos debates...

Ao menos uma vez na vida gostaria de ouvir um candidato que seja, discorrer sobre um tema que apoquenta ou corrói o Estado-Nação mais antigo do mundo, e que está em vias de desaparecer, sem que tal preocupe qualquer filho D’algo.

Deixo algumas dicas.

Em primeiro lugar as normas morais e éticas, base de qualquer sociedade. Elas estão a ser solapadas (o que é uma coisa de todos os tempos) e pior que isso, tornadas relativas. Ora, há princípios morais e éticos que são perenes e têm de ser preservados. Esta deve ser a primeira preocupação de qualquer candidato a dirigente político.

De seguida o Sistema Político, ou seja o modo como o Estado se organiza para enquadrar e dirigir a Nação, em termos políticos e sociais. O actual sistema está cheio de erros e vícios. Além de que a própria “Democracia” está ela própria “viciada” pela existência e acção das chamadas organizações secretas ou discretas, de que há bastos exemplos. Não é importante falar sobre isto?

Daqui resulta uma crise financeira, de tal modo grave, que o país está falido (sem que ao sistema financeiro sejam imputadas responsabilidades…). Literalmente falido, o que a não ser travado e revertido, fará com que o país se irá alienar, por vários meios, a ele próprio, até deixar de existir e o que restar dos seus cidadãos, passarão a fazer parte de uma qualquer espécie de escravatura.

Sem o problema financeiro saneado, não se pode fazer mais nada.

As questões de Segurança (onde aliás, as finanças se inserem) e de Defesa, não merecem aos candidatos a chefes políticos qualquer preocupação. O zero absoluto. Aliás, as questões internacionais que nos afectam, também costumam passar incólumes como se nada connosco possa contender…

O estado catastrófico das Forças Armadas, não lhes merece sequer uma referência. O granel e indigência que se vive nas Forças de Segurança, também não os preocupa por uma frase que seja. A criminalidade, idem.

A Demografia negativa; a emigração galopante; a imigração em massa, mais as correntes migratórias e toda a parafernália apensa - de que se destaca a lei da nacionalidade, os “vistos gold”, etc. - que representam um suicídio aceleradíssimo da nossa identidade; a prostituição da nacionalidade e o fim da matriz cultural portuguesa, em duas gerações, não parece preocupar nenhum dos putativos candidatos a estadistas!

O Federalismo Europeu e o Iberismo (a que se junta o caso não resolvido de Olivença) passa ao lado do discurso, ao passo que a condescendência com as mentiras e desajustes dos “ismos” que por aí medram, representa um miserável encosto ao politicamente correcto, numa subserviência malsã com a subversão da História, Cultura e modo de ser de toda uma população.

Isto para já não falarmos da desgraça do Ensino e da Justiça a necessitarem uma saponária de alto a baixo, mas só são alvo de críticas superficiais alardeados com mesuras de grande respeito.

Fala-se amiúde no Serviço Nacional de Saúde, mas não vi ainda ninguém enunciar as principais razões da sua progressiva falência: o descontrolo financeiro; o compadrio partidário das cúpulas; os vícios das carreiras/horários/horas extraordinárias, etc. Todo o mundo se limita a solicitar mais meios, “esquecendo-se” todos de que a débil economia portuguesa e desastre financeiro, não permitem sequer metade dos recursos de que já dispõem…

Economia de que, por outro lado se fala a esmo – nomeadamente semeando orgias de números pelo éter, que ninguém fixa, tão pouco entende - mas para quê, se tudo o resto que está à volta só contribui para o seu desmantelamento ou estagnação? Quando se taxa o trabalho em vez do consumo (aliás taxa-se tudo); onde a palavra “estratégia” só existe no dicionário; onde as empresas estão descapitalizadas, endividadas e sempre à espera de uma mãozinha do Estado, e as geridas por este, são elefantes brancos, um sorvedouro dos nossos impostos; para já não falar nos negócios blindados das “PPP” e afins, onde agora emerge a situação caótica da energia…

Estado (autarquias incluídas), cujos dirigentes (oriundos dos Partidos) estão sentados na manjedoura do Orçamento e em que cerca de metade dos seus funcionários, estimo, esteja em permanência, de baixa ou em greve.

Do mesmo modo que não existe a mínima preocupação com a falta de “Autoridade” existente e o abandalhamento de tudo, sem o que nada é possível executar.

E esqueçam, não vou falar da pouca-vergonha do Futebol, pois é aquilo de que se fala mais. O que também diz muito do que somos e no que estamos…

Não se vislumbra uma única atitude com carácter que vá ao encontro do que se deve fazer e não com o olho na caça ao voto.

Por isso tem Artur Ribeiro Lopes, razão ao dizer (“Política”, 141), que “a falta de personalidade das elites portuguesas constitui um perigo nacional permanente”!

A única coisa que se sabe fazer é reivindicar (prometer) mais direitos (e facilitismos) e lançar dinheiro para cima dos problemas.

Nem com este massacre diário, que já leva dois anos, sobre esta coisa maldita do “SarsCov2” alguém é capaz de ter uma proposta clara (mesmo que arriscada), muito menos o de por ênfase em se descobrir a origem de tudo o que se está a passar, ou denunciar aproveitamentos posteriores, sem o que jamais deixaremos de parecer umas baratas tontas.

Isto vai de mal a pior e continua a ser actual o que os historiadores franceses Ernest Lavisse e Alfred Rambund, afirmaram sobre a situação política em Portugal, em 1904: “Os Partidos não são mais do que “coteries” cujos chefes lutam uns contra os outros com uma completa ausência de escrúpulos e um perfeito esquecimento do interesse público. Tudo é aparência e mentira”.

É tudo isto (e apenas isto) que ressalta das campanhas eleitorais.

E o “Sistema” tritura tudo. Por isso votem Tiririca, pois pior não fica…

Dica camuflada: Abaixo a Revolução; viva a Contra-Revolução!

João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)

domingo, 23 de janeiro de 2022

Pior do que ver maçons em todo o lado...

 


Mais grave erro do que «ver franco-mações em toda a parte», é não os ver em parte nenhuma. Se a acção oculta da Maçonaria não explica toda a História, desde há quase dois séculos, todavia não é desde então explicável a História, sem o prévio conhecimento da Maçonaria e da sua actividade oculta.

Jacques Ploncard d'Assac in prefácio a «Três Estudos Políticos», 1956


Fonte: Veritatis

sábado, 22 de janeiro de 2022

Hospitais sobrelotados de não-vacinados? Vacina protege da Ómicron?

 Segunda-feira um amigo perguntou-me se eu achava credível a informação de que “90% dos internados em cuidados intensivos não estão vacinados”.

Como resposta enviei-lhe os dados de França e Reino Unido, por estatuto vacinal, disponíveis online em sites governamentais, que contrariam totalmente tal afirmação.

Estes dados públicos não impedem os médicos, jornalistas e políticos destes países de continuarem a mentir em permanência nas televisões e jornais, dizendo que 90% dos pacientes hospitalizados ou nos cuidados intensivos NÃO estão vacinados. A vantagem é que podemos imediatamente afirmar, sem qualquer margem para dúvida (no Twitter, …), que eles MENTEM.

Vejamos alguns exemplos de tais mentiras:

– Exemplo de mentira flagrante de uma especialista em doenças infeciosas perante o Senado francês.

– Evolução de discurso de Boris Johnson no Reino Unido.

Os dados hospitalares nacionais abaixo apresentados são em percentagem (%) do total de pacientes e não ratios (por exemplo, número de hospitalizações por 100.000 / pacientes não vacinados), porque é extremamente difícil saber o número total de não vacinados (existem zonas no Reino Unido com taxas de vacinação superiores a 100%, porque a população real era muito superior às estimativas iniciais).

FRANÇA – site governamental da DREES

Os dados apresentados são os do mês de Dezembro (dados disponíveis até 19/12). Ao passar com o rato nos gráficos, obtém-se os mesmos dados para os meses precedentes.

HC – Hospitalizações Completas

– NÃO Vacinados: 46,7%

– Vacinados: 53,3%

SC – Cuidados Intensivos

– NÃO Vacinados: 56,7%

– Vacinados: 43,3%

DC – Óbitos Hospitalares

– NÃO Vacinados: 42,1%

– Vacinados: 57,9%

Reino Unido: dados da UK Health Security Agency

Os dados apresentados correspondem ao período de 22 de Novembro a 19 de Dezembro 2021 (relatório de 23 de Dezembro 2021). Os relatórios precedentes podem sem consultados nesta ligação.

Hospitalizações

– NÃO Vacinados: 45,09%

– Vacinados: 53,58%

– Desconhecidos: 1,33%

Óbitos

– NÃO Vacinados: 23,16%

– Vacinados: 75,9%

– Desconhecidos: 0,94%

Entretanto o discurso oficial em Portugal evoluiu significativamente para: “O balanço resulta de conversas com colegas das unidades de cuidados intensivos: Numa instituição poderá ser 90%, noutra 70%, noutra 58% ou 60%. É uma realidade heterogénea”.

Infelizmente, em Portugal estes dados por estatuto vacinal não são acessíveis ao público (foram os próprios médicos a exigi-lo), portanto as mentiras são mais difíceis de contestar, no entanto, não há nenhuma razão objectiva para que os dados sejam diferentes dos outros países europeus com níveis idênticos de vacinação da população idosa.

Por uma questão de transparência e compreensão, quando serão publicados estes dados em Portugal?


Quem é mais suscetível de ser infectado com a variante Ómicron: os não vacinados ou vacinados?

Num artigo anterior, tinha indicado que o impacto da vacinação nas infecções (com a variante Delta) era residual. Aliás, os últimos dados no Reino Unido são ainda mais concludentes: a taxa de infecção é superior para os vacinados (em comparação com a dos não vacinados) em todas as categorias de idade a partir dos 18 anos (até 2,5 vezes mais).

Segundo o Statens Serum Institut, na Dinamarca (um dos países que mais sequencia os genomas dos vírus SARS-CoV-2 detetados, líder no estudo das variantes), de 21 de Novembro a 4 de Janeiro de 2022, apenas 9,1% das pessoas infetadas com a Ómicron eram não vacinadas, enquanto que essa percentagem era de 23,9% para as outras variantes (como a Delta).

Durante este período, a percentagem da população não vacinada desceu apenas 5%, de 22% para 17%.

Portanto, de acordo com estes dados, a vacinação tem a um impacto negativo na probabilidade de ser infectado com a variante Ómicron: 78%-83% dos dinamarqueses foram vacinados com pelo menos 1 dose, mas estes representam 91,9% das infeções Ómicron.

Em conclusão, são os vacinados que mais fazem circular a variante Ómicron (comparativamente com os não vacinados).

Boa sorte!

Carlos Antunes

Fonte: Inconveniente