quarta-feira, 12 de maio de 2021

Princesa Santa Joana

 


Joana, filha de D. Afonso V e de D. Isabel, é uma figura incontornável de Aveiro. O feriado da cidade é no aniversário da sua morte (12 de Maio de 1490) e o seu nome foi dado a uma freguesia.

Quem é Santa Joana?


A princesa Joana nasceu em Lisboa, no Paço Real (que se perdeu no terramoto), e foi aclamada como princesa herdeira até ao nascimento do seu irmão, João. Cedo ficou órfã de mãe e a sua educação foi entregue à tia Filipa, irmã da mãe, e a Dona Beatriz de Menezes, dama de sua mãe. Sempre foi muito religiosa, nunca se interessou pela vida na corte, mas sempre cumpriu com as suas obrigações enquanto filha e irmã do rei. Diz-se que chegou a ser regente do reino em 1471, quando o pai e o irmão viajaram para Arzila. Quando regressaram a princesa Joana colocou as suas mais preciosas jóias, foi esperá-los ao desembarque, e pediu ao pai que lhe fosse permitido seguir a sua fé. A contragosto, o pai aceitou que fosse para o mosteiro de Odivelas, em 1472.

O mosteiro de Odivelas (onde estava a tia Filipa) e o de Santa Clara (onde o pai lhe recomendou que ficasse) não lhe enchiam as medidas. Joana queria um convento austero e encontrou-o nos dominicanos, em Aveiro, um convento feminino relativamente recente. Foi para lá jovem e nunca fez votos. Manteve uma vida igual às companheiras de convento, chegou mesmo a ser noviça e a vestir o hábito. A corte não a deixou professar, incutindo-lhe o peso de proteger a sucessão do trono. A tia achava que devia casar e assegurar descendência e o povo não a queria num convento tão pobre.

Abandonou o convento a 7 de Setembro de 1479, devido à peste, refugiando-se em Abrantes, e voltou 11 meses depois. Tornou a sair do convento em 1485, pela mesma razão, chamada pelo irmão a Alcobaça, voltando em 1486. Morreu aos 38 anos, em Aveiro. Criou no convento o seu sobrinho Jorge, filho bastardo de D. João II.

No seu percurso sempre ajudou os mais necessitados da cidade, que ficaram muito comovidos quando morreu de peste. O primeiro milagre que lhe foi atribuído tem a ver com a passagem do seu túmulo pelo jardim: diz-se que à passagem do túmulo pelo jardim surgiram imediatamente flores. A cidade sempre a chamou de Santa Joana, apesar de, oficialmente, ser apenas beata. Foi sepultada no coro e o seu primeiro túmulo foi oferecido pela Duquesa de Caminha, Ana Manique Lara. Foi beatificada em 1693 e D. Pedro II fez-lhe um mausoléu em jaspe, uma das peças mais bonitas e singulares do Museu Nacional de Aveiro, tal como a própria sala onde se encontra.



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